Dois meses depois da demissão de Carlos Lupi do Ministério do Trabalho, a cúpula do PDT já começa a demonstrar impaciência e agora aguarda um chamado da presidente Dilma Rousseff ainda esta semana para negociar o cargo. A falta de consenso no partido para indicar um sucessor é que estaria impedindo a nomeação de um novo ministro. Nesta terça-feira, o próprio Lupi, presidente do PDT, estava de plantão em Brasília para uma eventual convocação. Mas emissários do Palácio do Planalto já avisaram ao PDT que antes disso, o partido precisa estar unificado.

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"A presidente Dilma quer resolver a pendência no Ministério do Trabalho. Mas o PDT tem que ajudar na solução", explicou um interlocutor direto da presidente.

O novo líder da bancada, deputado André Figueiredo (PDT-CE), ressaltou que já é tempo de fazer uma definição sobre o Ministério do Trabalho. Ele disse que está fora da disputa para o ministério, pois acaba de assumir a liderança. Mas manifesta a angústia da bancada. Disse que o nome mais forte no partido é do secretário-geral do PDT, Manuel Dias, a despeito de o preferido de Dilma ser o deputado Vieira da Cunha (PDT-RS).

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Segundo novo líder, o nome de Vieira da Cunha será encaminhado ao Planalto, mas ele ressalva que há resistências ao gaúcho em setores da bancada.

"Apesar de meu nome ser lembrado, eu estou fora das indicações, pois assumi a liderança. Caso contrário, ficaria parecendo carreirista. O nome que mais une a bancada é do Manuel Dias. Tem o Vieira da Cunha, que enfrenta alguma restrição. O Vieira tem um ponto positivo por ser amigo da presidente Dilma. É um fato importante, mas não sei se é o único", afirmou o líder pedetista.

A insatisfação da bancada com a demora do Planalto em substituir o ministro interino Paulo Roberto Pinto ficou claro nesta terça-feira quando o PDT defendeu o adiamento da votação do projeto que cria o regime de previdência complementar do servidor. O PR e o PTB, outros dois partidos que estão insatisfeitos com o governo, também apoiaram o adiamento.

"Queremos discutir vários pontos da proposta do fundo", avisou Figueiredo.

Lupi tenta emplacar Manuel Dias, ou mesmo o líder André Figueiredo, mas o Planalto ainda resiste as sugestões apresentadas até o momento pelo PDT. As restrições ao nome de Vieira da Cunha foram explicitadas pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), que alega que o colega gaúcho não tem proximidade com os movimentos sindicais.

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"O nome mais forte é do Manuel Dias. O Vieira da Cunha tem problemas com o movimento sindical. Ele é procurador, não é sindicalista. E procurador costuma prender sindicalista", disse Paulinho, que é presidente da Força Sindical.

O próprio Manuel Dias reconhece o apoio da bancada, mas, cauteloso, diz que o partido aguarda a posição da presidente Dilma: estamos aguardando um chamado da presidente Dilma. Tenho apoio de 90% do partido. Mas essa decisão cabe à presidente.