Entidades de classe dizem que a falta de recursos do governo do Paraná para executar obras não é o único problema para o desenvolvimento do estado. O consultor Luiz Claudio Mehl, do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), diz que há a necessidade de uma mudança de cultura. "Não há estrutura técnica, de mão de obra, para o desenvolvimento, em razão da falta de uma política permanente de realizações", diz ele.
O economista Fabiano Camargo da Silva, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioecômicos (Dieese), avalia que a falta de engenheiros no poder público se reflete na qualidade dos projetos. "Nos últimos 20 ou 25 anos, a contratação de engenheiros foi muito baixa", diz. Estudo do Dieese do ano passado mostrou que 2.040 engenheiros atuavam no setor público paranaense (municipal, estadual e federal) e que 182 prefeituras do estado não contavam com nenhum profissional desse tipo. "Sem engenheiros, é mais difícil elaborar projetos", diz. O secretário estadual da Administração, Luiz Eduardo Sebastiani, admite a falta de profissionais com perfil técnico no governo.
Avaliação de mercado
O estudo do Dieese sobre os investimentos públicos do Paraná (leia mais na página anterior), feito em parceria com o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), tinha como um de seus objetivos fazer uma avaliação do mercado de trabalho para a categoria. "Queríamos saber o porquê de a situação não estar boa para os engenheiros. Já imaginávamos esse cenário, mas não nesse grau", diz Ulisses Kaniak, presidente do Senge-PR.
Segundo ele, o estado parou de se preocupar em ter os melhores profissionais. "Para o poder público, seria interessante ter o quadro mais qualificado possível, mas os salários pagos não permitem isso."
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