Mais de um ano depois de ser sancionada, a Lei de Acesso à Informação, que obriga órgãos públicos a divulgarem suas atividades e valores de receitas e despesas, encontra obstáculos para sua funcionalidade.
Um desses obstáculos é uma cultura criada dentro dos órgãos do governo. "Ainda há, por boa parte do funcionalismo público, uma sensação de que as informações pertencem a eles", diz o jornalista Fabiano Angélico, especialista em acesso à informação pública e autor de uma dissertação de mestrado sobre o assunto.
No caminho para sua correta aplicação, há, ainda, o desconhecimento da população sobre as engrenagens públicas. Angélico reconhece que a lei não vai ser usada por grande parte da população brasileira, e que a sociedade civil organizada, a imprensa e algumas ONGs fiscalizadoras serão as grandes responsáveis para que se crie um interesse popular maior pela lei. E acredita que somente por meio desses intermediários se criará uma maior participação popular. "Mas isso não desobriga a população a estudar mais para compreender melhor o sistema", observa.
A lei implica, basicamente, duas informações: transparência ativa e transparência passiva. Transparência ativa é disponibilizar informações, tanto na internet quanto em um espaço físico de sua repartição pública. "Coisas como a missão do órgão, as atividades, receitas e despesas, enfim, o conjunto básico de dados", explica Angelico. Já a transparência passiva diz respeito à facilitação do acesso a essas informações. "Ela implica na criação de um departamento do órgão público para receber pedidos de informação, e, novamente, isso precisa ser físico e virtual. Necessita de um funcionário treinado que esteja a disposição da população para atender pedidos", diz o jornalista. Tal funcionário está, inclusive, proibido de perguntar o motivo do requerimento dessas informações.
Avanços
Desde o dia 16 de maio, data da sanção, apenas o Executivo federal vem seguindo corretamente a Lei de Acesso à Informação, com dados dispostos tanto nos sites quanto o espaço físico na Esplanada dos Ministérios. "Em contrapartida, as estatais estão praticamente ignorando a lei e o Supremo, o Legislativo e as prefeituras também precisam regulamentá-la", afirma Angélico. A lei foi sancionada em novembro do ano passado e entrou em vigor em maio, deixando um período de seis meses para que os órgãos públicos se preparassem para levar adiante os pedidos da população.
Governo quer limitar uso de armas por policiais e vincular verbas federais a novas normas
“Extremamente grave”, diz médico de Lula sobre sangramento e risco de morte
Indústria pede que Lula vete “jabutis” que encarecem conta de luz em 9%
Frente do agro cobra investigação imparcial sobre “ações isoladas” a Braga Netto
Deixe sua opinião