O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quer que mudanças sejam votadas em maio e não aceita prorrogar decisão.| Foto: Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Se depender do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), daqui a um mês teremos a votação de uma reforma política para o país. Trata-se do prazo final para a comissão que trata do assunto, instalada em março deste ano, elaborar um substitutivo para projeto de Emenda à Constituição (PEC) que tramita na Casa desde 2007. Se a comissão não concluir seus trabalhos, será votada a PEC 352/13, que trata do mesmo assunto (ver mais abaixo). Resta saber se os deputados conseguirão consenso para elaborar um projeto e se ele será maduro o suficiente para não prejudicar a democracia no país.

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A votação da PEC em plenário, porém, não é a última etapa da reforma. Depois disso, o projeto deve ser analisado pelo Senado. Se houver modificações, ele volta para a Câmara. Apenas depois disso, a proposta pode ser promulgada pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-RN).

Se comissão não encerrar trabalhos, PEC “misteriosa” vai para votação

No último dia 20 de março, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em visita à Assembleia Legislativa do Paraná, declarou que a reforma será votada em plenário “na marra”. Caso a comissão não conclua seus trabalhos, irá para a pauta a Proposta de Emenda à Constituição 352, de 2013 (PEC 352/13). Essa proposta, elaborada às pressas após os p

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Além disso, há também as mudanças infraconstitucionais, que são votadas à parte e têm um trâmite parecido – uma comissão paralela trabalha este aspecto da reforma. A data-limite estipulada pelos parlamentares para concluir o processo é 2 de outubro de 2015. Se passar disso, a reforma só poderá valer para as eleições de 2018.

A pressa para aprovar a reforma antes de outubro, porém, pode ser prejudicial para o debate. Apesar de a discussão não ser nova, as posições dos deputados sobre diferentes temas ainda não parecem maduras. Um exemplo é a unificação das datas eleitorais. No início do mês, essa mudança era praticamente um consenso entre os deputados. Hoje, boa parte dos deputados recuou, após diversos segmentos da sociedade se posicionarem contra a ideia.

Membro da comissão, o deputado federal Luciano Ducci (PSB-PR), discorda da análise. “Nós, que somos deputados novos, tivemos que nos aprofundar mais nos temas. Mas a discussão está na Casa há 20 anos”, afirma, ressaltando que a comissão é formada por deputados mais experientes.

Posição parecida tem Sandro Alex (PPS-PR). “Nós estamos em um debate quase diário na Casa, estamos também percorrendo o Brasil [a Câmara vem fazendo audiências públicas para discutir o assunto]”, afirma o deputado. “É lógico que o tempo é curto. Mas se não trabalharmos com prazos, a reforma não sai.”

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Falta de consenso

Outra questão que pode colocar em xeque os planos de se votar uma reforma até outubro é a falta de consenso entre os parlamentares. Algumas questões viraram praticamente ponto pacífico – é o caso do fim da reeleição para o Executivo e o estabelecimento de mandatos de cinco anos. Em alguns pontos considerados cruciais, porém, o número de possibilidades dificulta a formação de uma maioria.

Reforma é discutida em duas comissões quase iguais

Atualmente, existem duas comissões da reforma política correndo juntas na Câmara. Isso acontece porque parte dos temas tratados na reforma é constitucional – isto é, exige mudanças na Constituição para passar a valer – e outra parte é infraconstitucionais – exige mudanças em leis ordinárias. Por exemplo: a reeleição é prevista na Constituição, enqu

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Um exemplo é o modo de votação para deputados e vereadores. Há duas correntes mais fortes, a que defende o “distritão”, modelo no qual são eleitos os mais votados independentemente de partido, e o distrital misto, que usa paralelamente os modelos de lista fechada e o voto distrital. Há, porém, partidos grandes que defendem outras ideias. O PT fala em lista fechada, o PSB em manutenção do sistema atual sem coligações.

Em cima do laço

Outro problema de votar a reforma política em outubro é a dificuldade de organização dos partidos para as eleições de 2016, especialmente os menores. Candidato a governador pelo PSol, Bernardo Pilotto aponta que a indefinição sobre o modelo a ser adotado dificulta a elaboração de estratégias do partido. As regras da eleição são importantes para decidir o número de candidatos a serem lançados, por exemplo. O prazo para filiação e, logo, para atração de novos quadros acaba em outubro.

Senado aprovou voto distrital em municípios

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou na última quarta-feira, em caráter terminativo - ou seja, vale como decisão do Senado -, uma proposta que institui o voto distrital em municípios com mais de 200 mil habitantes.

A proposta, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), prevê que uma cidade seja dividida territorialmente pelo número de vagas na Câmara Municipal. Cada área, chamada distrito, vai eleger um vereador - o mais votado, em turno único. A proposta agora segue para discussão na Câmara.

Pelo novo modelo, os partidos ou coligações só poderão registrar um candidato por distrito e cada vereador terá um suplente. Os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) seriam os responsáveis por dividir as cidades em distritos, observando a continuidade do território e a igualdade de voto.

Os integrantes da CCJ firmaram um acordo pelo qual aprovaram o texto sem modificações, deixando-as a cargo dos deputados. A ideia é tentar uma articulação com lideranças da Câmara para que o sistema distrital misto seja incorporado. Por esse modelo, parte dos vereadores seria eleita como representante de um distrito, em eleição majoritária, e parte seguiria o atual sistema proporcional, podendo obter votos em todo o município.

A Câmara já tem uma comissão especial para a reforma política, que poderia encampar essa ideia. Entretanto, vale lembrar que o debate sobre o modelo eleitoral é um dos mais acirrados entre os deputados, já que há pelo menos três outras propostas em discussão – inclusive a manutenção do sistema atual de voto em lista aberta, com alterações como o fim das coligações.

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