Ainda faltam assinaturas para protocolar requerimento que cria a comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar a máfia do controlador do jogo do bicho em Goiás, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o que pode frustrar a expectativa de que o pedido seja protocolado nesta terça-feira (17).

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Até a noite desta segunda-feira (16), os líderes partidários ainda não tinham coletado todas as assinaturas necessárias para a criação da CPMI. Na Câmara são 171 e no Senado 27.

O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), considera que o requerimento pode não ficar pronto. O presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney (PMDB-AP), encarregou o senador Pinheiro de entregar, nesta terça-feira, o documento. Pinheiro nega que esteja coletando todas as assinaturas e disse que é responsável apenas por sua bancada.

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"Eu tenho responsabilidade pela minha bancada, os outros eu não sei. Cada líder coleta de sua bancada. Ainda que eu colete amanhã, eu dependo dos outros. A ideia é concluir amanhã do bloco [de apoio ao governo, formado por PT, PDT, PSB, PRB e PCdoB]", disse Pinheiro, já considerando que os outros partidos podem não entregar o requerimento subscrito por suas bancadas.

Pinheiro acha que ainda é cedo para determinar quantos senadores irão assinar a CPMI. Ele lembra que todos os partidos prometeram apoiar a comissão, mas nesta terça-feira será o primeiro dia em que as bancadas irão se encontrar depois que o texto do requerimento ficou pronto e a coleta de assinaturas recomeçou. "Amanhã é o primeiro dia que teremos o encontro das bancadas depois de quinta. Amanhã eu espero que a gente já tenha o primeiro balanço das assinaturas", disse. O líder petista acredita que o problema de saúde do presidente Sarney não irá atrapalhar a coleta de assinaturas.

Alguns senadores, no entanto, já começam a cogitar a possibilidade de que não haja CPMI. Na tribuna, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), disse hoje que "não confia no Senado" e conta com a pressão popular e da imprensa para ver a comissão sair do papel. "Eu não confio no Senado agindo por conta própria, confio na força da sociedade. Essa CPI só vai sair se tiver pressão da sociedade".

Também descrente, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), apontou uma "tentativa de mudar o foco" da investigação. Para ele, a inserção no requerimento de um trecho que permitirá investigar os meios utilizados para fazer as escutas telefônicas que irão embasar as denúncias pode mudar o objeto da investigação, desviando a atenção dos casos de corrupção. "Tem declaradamente um movimento para que seja uma CPMI sob controle, que não chegue ao destino certo. Mas eu não me preocupo com isso, porque é como todos dizem: uma CPMI sabe-se como começa, mas não se sabe como termina".

A CPMI irá investigar também o envolvimento de outros agentes públicos e privados com o bicheiro e todas as denúncias feitas pela Polícia Federal nas operações Vegas e Monte Carlo, nas quais foram feitos diversos grampos telefônicos que incriminam o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e cinco deputados federais.

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