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As prefeituras oferecem bons salários e benefícios, mas não conseguem contratar médicos para atender a população que mais precisa. Mais de cem milhões de brasileiros precisam do Sistema Único de Saúde para ter acesso à saúde.

No começo da noite em Maceió, camas improvisadas são vistas em frente ao maior posto do SUS. Muita gente volta pra casa sem conseguir a consulta.

- Há mais de 15 dias estou procurando um ginecologista e não encontro - diz a paciente.

A secretaria de saúde diz que a faltam especialistas e que está tentando contratar 50 médicos. O salário é de R$ 1.100 por 20 horas semanais. Em Goiânia, há vagas para 90 profissionais.

- Tem uns três meses que eu quero marcar com um ginecologista e não tô conseguindo - diz a mulher.

Há um mês a prefeitura publica editais em vão. O salário é de R$ 1.300.

- Existe um piso nacional estabelecido pela federação nacional dos médicos em torno de R$ 3.300 para 20 horas semanais, e os valores que têm sido oferecidos são muito abaixo deste piso o que acaba não atraindo o profissional para este serviço - afirma Leonardo Reis, do sindicato dos médicos de Goiás.

Mas salários melhores nem sempre conseguem atrair os médicos para o interior. Em Jataí, no sudoeste de Goiás, um especialista ganha quatro vezes mais que na capital, mesmo assim, no centro de urgência se consultórios estão vazios e a recepção lotada.

A psiquiatra carioca ganha por dois dias de trabalho semanais, R$ 4.000. Diz que não se arrependeu de ter vindo mas que a carreira fica prejudicada.

- Fica defasada em termos de aprendizagem A gente tem que ficar indo pro centro grande, Rio, São Paulo, Brasília, para estar se reciclando - conta Cláudia Coelho, psiquiatra.

O último levantamento do Conselho Federal de Medicina mostra que o Brasil tem mais de 312 mil médicos e que apenas 38% trabalham no interior, 62% estão nas capitais.

A Região Norte tem o menor número: 20 mil. Já no Sudeste são 259 mil profissionais, mas em Minas Gerais muitas cidades também enfrentam problemas.

Em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, faltam médicos em 14 postos. A maioria em bairros distantes ou regiões violentas. Em um deles, desde que uma médica foi agredida por um morador, há dois anos e meio, os pacientes são atendidos por uma enfermeira.

A secretaria de saúde da cidade informou que no último concurso público, dos 27 médicos aprovados, apenas 11 quiseram o cargo.

- Pagamos férias, 13º salário, estabilidade, um salário de até R$ 6.000 - afirma Lídia Tonon, secretária de saúde de Contagem.

- Falta de trabalho não há, mas há um grande desestímulo do colega em enfrentar a violência, o medo de ir até o seu serviço, seu local de trabalho e não voltar pra casa - garante Fernando Mendonça, do sindicato dos médicos de Minas Gerais.

Motivos que levaram o médico Vinicius Oliveira a abrir mão de um salário de quase R$ 6.000 que ganhava num posto de saúde em Belo Horizonte.

- As pessoas, as vezes, não entendem que você não tem os recursos disponíveis para resolver os problemas da maneira como elas queriam - afirma Vinícus.

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