Família de jovens mortos diz que querem transformá-los em culpados

Amigos e familiares dos dois jovens que morreram no acidente descartam a possibilidade de que eles estivessem disputando um racha no momento da batida. Ambas as famílias disseram que os rapazes jamais tiveram esse tipo de comportamento e que, ao que parece, estão tentando transformá-los de vítimas em culpados.

O empresário Gilmar Yared, pai de Gilmar Rafael Souza Yared, de 26 anos, declarou que a morte do filho foi um crime e não um acidente. "Testemunhas disseram que havia um terceiro carro, esse sim participando de um racha com o deputado. Meu filho, ao contrário, estava bem devagar", defendeu. Ele revelou ainda que já consultou um advogado para saber que medidas irá tomar daqui pra frente, mas, antes disso, concentrará forças em confortar a esposa e os outros dois filhos.

"É como se tivessem arrancado um pedaço de nós. Nada se compara à dor de perder um filho", desabafou. "É muito triste acordar com alguém te dando uma notícia dessas. Num dia, tinha meu filho comigo e, no outro, carregava o atestado de óbito dele." O empresário disse que Gilmar estava feliz e, inclusive, já tinha conseguido visto para viajar à Austrália. "Ele era um filho maravilhoso, alegre. Uma pessoa extremamente positiva."

A mãe do rapaz, Cristiane Souza Yared, afirmou que nenhuma mãe no mundo deveria enfrentar uma situação como essa. Com a voz embargada, ela defendeu que acidentes acontecem, mas não da maneira que se deu na madrugada da última quinta-feira. "Aquilo foi um crime. Ninguém tem o direito de dirigir a 190 quilômetros por hora", declarou. "Desejo do fundo do coração que o deputado saia vivo do hospital e possa mudar, para ter a chance de uma vida nova."

Robson Costa trabalhava no cinema do Park Shopping Barigui com Carlos Murilo de Almeida, de 20, o outro jovem morto no acidente. A pedido da mãe do rapaz, ele está atendendo a imprensa e cuidando de todas as questões burocráticas do caso. "Ela está chocada e não tem condições de se manifestar agora", revelou.

Segundo Robson, o amigo nunca participou de rachas e tinha uma personalidade totalmente divergente desse tipo de atitude. "Parece que estão tentando encobrir o que aconteceu, desviar o foco por ter um homem público envolvido", afirmou. Ele disse também que a família de Carlos ainda não decidiu que medidas tomará a partir de agora. "A mãe dele está muito abalada e não pensamos nisso ainda", contou. "Até porque, o deputado continua internado e a investigação segue em andamento."