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A família de Jorge da Silva Siqueira Neto, presidente da associação de moradores da favela Kelson's, que foi seqüestrado na última sexta-feira , após denunciar a participação de policiais militares em milícia que expulsou os traficantes da comunidade, já está no programa de proteção à testemunha do governo do estado. No domingo, Rosilaine Marinho, a esposa de Jorge foi à 40ª DP (Rocha Miranda), onde o caso está sendo investigado, acompanhada da mãe de Jorge, Damiana Siqueira, e do irmão, Claudio Ferreira, para pedir proteção policial para a família.

Rosilaine Marinho esteve ainda no Instituto Médico Legal, onde teria reconhecido o corpo do marido. Um cadáver carbonizado que foi encontrado na noite de sábado numa vala, em Campo Grande, seria, segundo ela, do líder comunitário. Mas de acordo com o delegado Altair Queiroz, será realizado um exame de DNA no corpo para confirmar a operação. Ele afirmou ainda que não há informações sobre envolvimento da vítima com o tráfico, mas disse, no entanto, que o irmão de Jorge contou em depoimento que recebeu ajuda financeira de um traficante para sua campanha de vereador nas últimas eleições. Quatro testemunhas são aguardadas na 40ª DP (Rocha Miranda) para prestar depoimento ainda nesta segunda.

Testemunha diz que carro da PM 'deu cobertura' para seqüestro

Um carro da Polícia Militar teria dado cobertura à ação de cinco criminosos que atiraram em Jorge e o seqüestraram na tarde de sexta-feira, em Rocha Miranda, segundo uma testemunha. Um dos principais suspeitos do crime é o soldado Alexandre Barbosa Batista, do 14º BPM, que fora alvo de denúncia feita pelo próprio Jorge, no dia 9 de abril, de acordo com o delegado-titular da 40ª DP (Rocha Miranda), Altair Queiroz. Jorge havia denunciado a órgãos da Secretaria de Segurança que vinha sofrendo ameaças de morte de grupos de milícias. Em agosto, a polícia expulsou milicianos da favela Kelson's.

O líder comunitário registrou na delegacia queixa de ameaça feita pelo policial Alexandre Barbosa Batista, que teria dito a Jorge: "Se você não sair daqui (da favela), vai sofrer um acidente". O soldado prestou depoimento na sexta-feira e negou envolvimento com o seqüestro. Mas o delegado vai pedir a quebra de sigilo telefônico da vítima, do soldado e de outros quatro policiais que também seriam suspeitos. Neste sábado, a Secretaria de Segurança Pública informou que não houve nenhum pedido de proteção para Jorge e para a família dele. Na última segunda-feira, ao saber que os policiais que acusara estavam em liberdade, Jorge revelou que se sentia inseguro. A mulher de Jorge também esteve na 40º DP e disse ter cópia do dossiê que seu marido fez sobre a milícia.

Em depoimento, a mulher e o irmão de Jorge mencionaram ameaças de morte feitas pelos PMs ao líder comunitário da Kelson's. Além de sair de lá, ele teve seu depósito de gás e um trailer confiscados pelos policiais. Na semana passada, após a prisão dos PMs, Jorge voltara à comunidade. O delegado vai pedir a quebra do sigilo telefônico de Jorge e dos cinco policiais militares - os quatro PMs que foram presos e outro que está de licença médica. Queiroz vai ouvir dois moradores e um segurança de rua que teriam presenciado o crime.

O corregedor-geral da PM, coronel Paulo Ricardo Paul, determinou que cinco policiais fossem localizados e levados para prestar depoimento na 40ª DP, na noite de sexta-feira. Quatro deles foram ouvidos. O chefe de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, foi à noite para a delegacia acompanhar as investigações. O comando da Polícia Militar informou que pediu a prisão preventiva dos policiais, mas a Justiça não autorizou. O governador do Rio divulgou nota na tarde deste sábado, afirmando que não irá recuar no combate às milícias.

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