O PMDB enfrenta mais uma crise interna em meio à divulgação de políticos envolvidos no escândalo da Lava Jato. Dessa vez, uma corrente dentro do partido tenta trocar o comando nacional da sigla, e o movimento tem o apoio do segundo vice-presidente nacional, o deputado federal João Arruda. O argumento do grupo é que os dirigentes investigados na operação deveriam ser afastados do comando da legenda.
Na carta, encabeçada pelo deputado federal Carlos Marun (MS), o fiel escudeiro de Eduardo Cunha, peemedebistas se colocam como “defensores do princípio de presunção da inocência”, mas ponderam que, diante da “dramaticidade” do momento, membros do comando nacional da legenda implicados na Lava Jato deveriam se afastar de suas funções. “A verdade é que o partido necessita de um novo comando para que estejamos à altura de enfrentarmos as próximas eleições”, diz trecho.
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O presidente em exercício da legenda é o senador Romero Jucá, que também acumula a função de líder do governo Temer no Senado. O primeiro vice-presidente é o ministro Eliseu Padilha. Tanto Jucá quanto Padilha foram citados nos depoimentos dos executivos da Odebrecht, que deram origem ao pedido de abertura de mais de 80 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).
O terceiro na linha sucessória do comando da sigla é o deputado paranaense João Arruda, que defende a troca no comando, mas diz que não quer ser o presidente do PMDB. “Não tenho essa ambição e conheço meu tamanho no PMDB nacional”, garante o parlamentar.
Segundo Arruda, a troca na direção da legenda é importante para garantir representação a todos os filiados. “Nós precisamos de alguém que seja porta voz do partido e não tenha problemas pessoais que possam interferir em uma discussão ampla sobre a reforma política, por exemplo”, diz Arruda.
Para Arruda, há uma “má vontade” da sociedade em relação aos dirigentes do partido acusados de corrupção. “Eles acabam atrapalhando e desqualificando o debate”, afirma. Para o parlamentar, os políticos envolvidos na Lava Jato deveriam se concentrar em suas defesas, e não na direção do partido.
O deputado também cita o financiamento de campanhas como tema sobre o qual o partido precisa se posicionar. “Nós tivemos um modelo de financiamento por pessoas físicas, a criminalização do caixa dois de campanha nas Dez Medidas e agora a criminalização no STF da doação declarada de campanha. Isso abre uma janela muito grande a respeito desse debate e o PMDB precisa se posicionar como partido, não como governo”, opina o deputado paranaense.
Na opinião de Arruda, o presidente Michel Temer, que era presidente do partido até assumir a Presidência da República, era um representante do partido que conseguia dialogar com todas as correntes dentro da legenda. “Precisamos de alguém com esse mesmo perfil, que possa ser o porta voz do partido mais adequado para esse momento”, diz.
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Tio de João Arruda, o senador Roberto Requião também tem feito duras críticas ao PMDB nacional. Na semana passada, ele usou a tribuna do Senado para reclamar por não ter sido escolhido para nenhuma cadeira de titular nas comissões permanentes da Casa. “Parece que, para ser designado pelo meu partido a uma comissão, tem que ser denunciado pela Odebrecht”, ironizou Requião.
O senador foi contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no ano passado e, já no governo Temer, votou contra a PEC do Teto de Gastos proposta pelo presidente – uma das principais apostas para colocar a economia do país de volta nos eixos. Nessa semana, Requião se encontrou com o ex-presidente Lula (PT), que articula sua candidatura à presidência em 2018.
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