A família de Gilmar Rafael Yared, um dos jovens que morreram no acidente provocado por Fernando Ribas Carli Filho no dia 7 de maio em Curitiba, disse estar indignada com as declarações feitas pelo pai do ex-deputado. Em entrevista coletiva em Guarapuava, região central do estado, na terça-feira (23), Fernando Ribas Carli, que é prefeito da cidade, disse que o filho pode voltar ao cenário político depois de se recuperar do acidente.
O advogado Elias Mattar Assad, que representa a família, convocou uma entrevista na tarde desta quarta-feira (24) para comentar as declarações do pai do ex-parlamentar. Um dos pedidos, feitos pelos pais de Gilmar, é que nenhum partido aceite a filiação de Carli Filho, impedindo dessa forma que ele dispute eleições no futuro. "Se algum partido aceitar, eu vou sair às ruas em protesto", disse Cristiane Yared, mãe de Gilmar.
No dia 29 de maio, três semanas depois do acidente, Carli Filho pediu sua desfiliação do Partido Socialista Brasileiro (PSB), legenda pelo qual havia sido eleito deputado estadual em 2007. No mesmo dia, ele renunciou ao cargo de deputado para evitar o processo de cassação. O PSB também havia aberto um processo de expulsão por quebra do código de ética do partido.
A família Yared também repudiou o fato de Fernando Ribas Carli ter definido o caso como "apenas um acidente". O advogado reforçou a tese de que as fitas do posto de combustíveis que registraram a colisão teriam sido adulteradas . Na entrevista, o prefeito negou que possa ter havido adulteração. "Essa é um prova pericial, não é minha. Ele vai ter que discutir isso com o perito", afirmou o advogado.
Do acidente à renúncia
O acidente aconteceu na madrugada do dia 7 de maio. O deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar em uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda, morreram no local.
O acidente ganhou repercussão nacional após a Gazeta do Povo revelar que Carli Filho tinha 130 ponto na carteira de habilitação e do exame do Instituto Médico Legal informar que ele conduzia o veículo em estado de embriaguez. O caso resultou na primeira renúncia de um deputado estadual na história do Paraná. Além disso, expôs um histórico de multas de políticos e de 68 mil cidadãos que dirigiam com a carteira de habilitação suspensa.
Depois da colisão, o governo do estado anunciou que passaria a "caçar" os motoristas não devolvessem carteiras de habilitação suspensa 48 horas depois de serem notificados. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) anunciou que poderia inclusive prender sob flagrante de crime de desacato quem não devolvesse o documento.
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