Familiares das vítimas do acidente com o Airbus da TAM anunciaram neste domingo (16) a criação de uma associação ainda sem nome definido para acompanhar todo o processo de investigação do acidente e a assistência às famílias.

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"Inicialmente teremos uma diretoria em São Paulo e uma diretoria em Porto Alegre. Eles continuarão representando provisoriamente até que em Porto Alegre tenhamos uma eleição para a composição definitiva de presidência e diretoria", disse Luiz Salcedo, pai do piloto Diogo Casagrande Salcedo, que viajava de passageiro no dia em que assinou contrato de trabalho com a TAM.

A diretoria em São Paulo será composta provisoriamente pelos parentes de Archelau Xavier, Elizabeth Ferraz e Maurício Ferreira.Em Porto Alegre, além de Salcedo, a diretoria provisória será composta por Dario Scott e Christofe Hadad.

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Nesta semana, 20 familiares da TAM vão a Brasília acompanhar o final dos trabalhos da CPI do Apagão Aéreo, que deverá entregar o relatório final na quinta-feira (20). Eles vão propor aos deputados federais um projeto de lei que cria um tribunal judiciário específico para acompanhar acidentes aéreos.

Nesta terça-feira (18) eles também esperam a assinatura de um termo de compromisso entre a TAM, o Ministério Público do Consumidor, a Defensoria Pública de São Paulo e eo Procon, em que a empresa se compromete a manter os familiares informados sobre as investigações e a dar assistência às famílias.

Familiares das vítimas realizaram uma homenagem neste domingo (16) à memória dos 199 mortos no saguão de check in do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo.

Depois de fazer um minuto de silêncio, cada um dos parentes foi até o centro do grupo e retirou uma flor. Eles rezaram pelas vítimas e depois entregaram as flores aos funcionários da TAM e da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).

Imbróglio

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A polícia paulista teve de recorrer a uma autorização judicial para conseguir o laudo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), órgão da Aeronáutica que investiga as causas do acidente com o Airbus da TAM, ocorrido em 17 de julho, no Aeroporto de Congonhas, Zona Sul de São Paulo e deixou 199 mortos.

A informação é do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, que usou esse caso como exemplo das dificuldades burocráticas enfrentadas pelos investigadores paulistas para concluir o inquérito sobre as causas do acidente.

Marzagão visitou cerca de cem familiares das vítimas que se reuniram no sábado em um hotel da Zona Sul de São Paulo. Ele, que conversou na sexta-feira (14) com o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Aldo Galiano, não quis determinar prazo para solução do inquérito.

"A perícia do Instituto de Criminalística (IC) em São Paulo depende de laudos de órgãos federais, um deles do Cenipa, que foi necessário pedir autorização judicial em razão de ser sigiloso por força de um acordo internacional", disse Marzagão. Ele afirma que o pedido foi autorizado pela Justiça e a polícia paulista teve acesso ao laudo.

Embora resista a dar opinião – terreno que considera movediço – Marzagão supõe que os órgãos federais também tenham dificuldade em obter informações, em razão da proporção do acidente. Mas ele reclamou da burocracia. "Sempre que precisamos de algum dado há uma burocracia mínima. É preciso saber se o dado requisitado está em condições de ser fornecido", afirmou. Acordo

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Familiares das vítimas do acidente da TAM disseram que a companhia aérea deverá assinar no próximo dia 18 um termo de compromisso com o Ministério Público do Consumidor, Defensoria Pública e Procon em que garante assistência às famílias e esclarecimento das causas do acidente. A assessoria da TAM não foi encontrada para comentar o acordo.

O termo de compromisso estabelece que a TAM vai garantir informação aos parentes de todos os passos da investigação, identificação dos corpos das vítimas, assistência médica, deslocamento dos familiares para reuniões entre eles e para acompanhamento das investigações, de acordo com Luiz Salcedo, pai do piloto Diogo Casagrande Salcedo, de 25 anos, que viajava na aeronave com passageiro no dia em que assinou contrato para trabalhar na TAM.

Mais de cem familiares das vítimas do acidente com vôo JJ 3054 da TAM, que matou 199 pessoas em 17 de julho, estão reunidos em São Paulo. O objetivo é discutir as negociações em andamento com a companhia aérea e as manifestações programadas para os próximos dias.

As famílias pretendem fazer encontros mensais em São Paulo para discutir as reivindicações do grupo. No encontro deste sábado, os parentes discutem também o andamento das investigações do acidente, que completa dois meses na próxima segunda-feira (17).

A TAM pagou a primeira indenização à família de uma das vítimas, de acordo com a "Agência Estado". O dinheiro foi depositado há 15 dias na conta da família de um dos sete funcionários da TAM Express mortos na tragédia. O valor teria ficado na casa dos R$ 600 mil, segundo fontes ligadas à companhia.

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A companhia aérea informou que está auxiliando os familiares para viabilizar a reunião.

Sem possibilidade de reação

Após acompanhar a realização de oito simulações do acidente com o Airbus A320 da TAM, o deputado Marco Maia (PT-RS), relator da CPI da Crise Aérea, afirmou que os pilotos do vôo JJ 3054 não conseguiriam evitar o acidente após a aterrissagem.

As simulações ocorreram na tarde desta sexta-feira (14) na South America Flight Training, em Guarulhos, na Grande São Paulo. "Depois que o avião colocou as rodas no chão, eles não tinham mais nada o que pudessem fazer para evitar o acidente. Testamos todas hipóteses", afirmou o deputado.

Em uma das simulações baseadas nos dados recolhidos das caixas-pretas, os dois pilotos que realizavam os testes também não conseguiram frear a aeronave e evitar a colisão com o prédio da empresa. O vôo virtual foi acompanhado pelo coronel Antônio Junqueira, que já trabalhou no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e foi contratado pela Câmara para acompanhar as investigações.

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Junqueira explicou que, nesta simulação que terminou em uma colisão, o manete da turbina esquerda foi colocado em posição reverso - o correto durante o pouso - e o manete da direita em climb, que é o primeiro estágio de aceleração, uma posição acima da idle (ponto morto). "A violência com que a aeronave se comportou extrapola qualquer previsão dos fabricantes", disse Junqueira.