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America Ferrera interpreta "Uggly Betty" | Divulgação
America Ferrera interpreta "Uggly Betty"| Foto: Divulgação

Opinião "Estou com medo de viajar"

Moro há quase 20 anos no Paraná e toda minha família vive no interior de São Paulo. Tenho há algumas semanas ensaiado uma viagem para ver minha mãe... que está me cobrando uma visita já que a saudade tanto minha como dela é muito grande...

Tenho procurado decidir qual a melhor forma de chegar até a casa de meus pais. O meio "teoricamente" mais rápido seria eu ir de avião. Cinquenta minutos, eu já estaria na capital paulista. Mas aí penso nos controladores aéreos, nos equipamentos obsoletos, e na estrutura dos aeroportos e nos constantes atrasos nos vôos alimentando uma séria crise aérea que o Brasil vem enfrentando. O medo tomou uma proporção ainda maior depois de terça-feira, dia 17, quando o Airbus da TAM se chocou contra um prédio da empresa, matando quase 200 pessoas.

Minha segunda opção seria ir de carro. Daqui a Piracicaba, faço o trajeto em seis horas e meia. Geralmente vou sozinha, porque é sempre difícil arrumar quem queira encarar tanto tempo de estrada. Mas ainda na semana passada um parente fez uma viagem mais curta e foi abordado por dois outros carros. Escapou por pouco, quando os assaltantes perceberam que o carro estava com mais três passageiros.

Além disso, sou obrigada a enfrentar também uma estrada bem perigosa, a BR-116, com motoristas irresponsáveis e imprudentes.

Assim, minha última alternativa para matar a saudade da família é ir de ônibus, mas não tem um dia, aqui na redação que não damos uma notícia de ônibus assaltado nas estradas...Enfim, estou com medo de viajar no Brasil.

Nádia Schiavinatto - Jornalista e editora na Gazeta do Povo Online

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As primeiras vítimas identificadas do acidente com o avião da TAM no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, começam a ser enterradas. Em diversas cidades do país, famílias e amigos tentam lidar com a dor e a saudade.

Na casa dos pais, no Interior do Rio Grande do Sul, o quarto de Patrícia Hauschild, de 30 anos, estava sempre arrumado, pronto para quando ela voltasse. A aeromoça morava em São Paulo e passou o fim de semana na casa dos pais para comemorar o aniversário da mãe e do irmão. "Ela gostava muito de viajar de avião", diz, emocionado, o pai dela, Sérgio Hauschild.

Já a família da aposentada Julia Camargo, de 79 anos, prefere não falar de vazio. Eles dizem que o exemplo que ela deixou ajuda a diminuir a tristeza. Ela era presidente do Sindicato dos Aposentados e Pensionistas do Rio Grande do Sul. Lutava com outras vovós para receber o pagamento dos precatórios, que são dívidas do governo.

O acidente interrompeu uma mobilização que aconteceria em São Paulo. Era mais um protesto. Outros nove integrantes do sindicato também morreram.

O presidente da Associação Nacional em Defesa dos Passageiros do Transporte Aéreo (Andep), Cláudio Candiota, perdeu cinco amigos no acidente. Entre eles o deputado Julio Redecker (PSDB-RS), um dos incentivadores da criação da CPI do Apagão Aéreo.

Ajuda no reconhecimento

O corpo da primeira vítima a chegar a Porto Alegre (RS) foi o de José Luiz Souto Pinto, gerente comercial do SBT na Região Sul. Ele foi reconhecido porque os documentos dele não foram queimados.

Para agilizar a identificação das vítimas, o governo do estado está enviando para São Paulo fichas com as impressões digitais dos passageiros gaúchos. Cinqüenta e uma já foram encaminhadas.

No velório de Guilherme Duque Estrada, de 65 anos, em Niterói (RJ), compareceram empresários e executivos. Ele era vice-presidente da Associação Brasileira de Indústria Química e tinha ido a Porto Alegre para ministrar uma palestra. Estrada era casado e tinha dois filhos. Tristeza e mal-estar

Tristeza também na pequena cidade de Bebedouro, no Interior de São Paulo, onde mora a família do engenheiro Fernando Estato, de 35 anos, que trabalhava em uma indústria de papel e celulose. O pai, João Estato, disse que o filho ia retornar de Porto Alegre em outro vôo, mas o horário foi mudado.

Em Santos (SP), a família de Gustavo Henrique, de 30 anos, também lamenta a tragédia. A mãe, Márcia Beatriz Henrique Pinto, conta que, pouco antes do acidente, sentiu um mal-estar. "Tive um aperto no coração e uma sensação estranha. No fundo, sabia algo errado tinha acontecido", diz ela.

Em São Paulo, comoção no enterro da assistente administrativa da TAM, Michele Dias Miranda, que tinha 24 anos e era formada em Turismo. Ela trabalhava há cinco anos na companhia e estava no prédio em que o avião bateu. Os colegas contaram que ela ia sair uma hora antes do acidente, mas resolveu ficar até mais tarde para terminar um trabalho. Na tentativa se salvar o incêndio, ela tentou pular do segundo andar.

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