Bate-boca e troca de impropérios marcaram a sessão desta segunda-feira (2) na Câmara Municipal de Curitiba. Alguns vereadores, entre eles o presidente da Casa, Paulo Salamuni (PV), criticaram duramente a moção de repúdio à Fundação de Ação Social (FAS) e à Prefeitura proposta pelo vereador Professor Galdino (PSDB). O tucano alega que foi impedido de entrar em um abrigo da FAS no Boqueirão no último dia 27. Ele comparou o centro de acolhimento a um campo de concentração.
A moção de repúdio só teve três votos favoráveis: dos vereadores José Carlos Chicarelli (PSDC), Julieta Reis (DEM) e do próprio Galdino - todos da oposição. Outros parlamentares pediram a palavra, depois da votação, para criticar o linguajar e a abordagem de Galdino. O vereador gravou em vídeo quando foi impedido de entrar e exibiu as imagens no telão da Câmara.
"Ele [Galdino] deveria ter perguntado pra FAS porque não pôde entrar. E não já ter vindo com o repúdio. A FAS tem regras e ele nem se preocupou em conhecer", reclama Salamuni. Ele cravou, ainda, que as ações de Galdino são "exageradas" e "midiáticas". "Ele não pode achar que está acima do bem e do mal por ser vereador. Ele faz de tudo para aparecer", critica Salamuni.
Galdino, por outro lado, comenta que estava cumprindo a sua função de fiscalização e que é perseguido por ser da oposição. "Sou humilhado o tempo inteiro. Tudo o que eu faço eles [os outros vereadores] querem chamar o Conselho de Ética. É muito difícil trabalhar assim", comenta.
Ele justifica a sua ida ao abrigo no Boqueirão dizendo que moradores da região reclamavam de tumultos no local. Para ele, a sua entrada foi impedida pela presidente da FAS, Márcia Fruet, através de uma funcionária. "Colocaram um cadeado na porta pra que eu não entrasse. Mas imagine se tivesse um incêndio lá dentro e todo mundo preso. Ia ser um desastre".
Em resposta ao ocorrido, a FAS emitiu nota em que afirma que o acesso ao centro do Boqueirão e às demais unidades de acolhimento de pessoas em situação de risco "é restrito para preservar a identidade dos usuários e oferecer ambiente de respeito e dignidade, conforme a Lei 8.069/1990, art. 94. A entrada por parte de profissionais ou parlamentares às referidas unidades para visitação, vistoria ou fiscalização é permitida desde que acompanhada por profissional da FAS".
Galdino chegou a ser denunciado por falta de ética após filmar sessões da Câmara, em junho.
Professor mesmo?Durante a sessão desta segunda, Salamuni chegou a colocar em dúvida se Galdino, de fato, já tivesse trabalhado como professor. E pediu que um aluno dele fosse ao plenário para comprovar. Horas depois, ele justificou a fala dizendo que a conduta de Galdino não condiz com a de um professor, que tem que ser "serena, ponderada, um exemplo". "Como professor, ele deveria saber o que é um campo de concentração e o que são os aparelhos da prefeitura para ver a diferença", alfineta.
Em resposta, Galdino diz que é formado em Estudos Sociais e História na Faculdade Espírita de Curitiba. E que deu aulas pela última vez no Colégio Professor Vitor Ferreira do Amaral, no Boqueirão, em 2006. Na época, ele dava aulas de História para alunos do 2º e 3º ano do Ensino Médio, segundo o vereador.
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