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Com a Câmara asfixiada por escândalos provocados pelo uso inadequado de dinheiro público e por medidas provisórias que impedem seu trabalho regular, o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), enfrenta um embate na terça-feira que pode resultar em seu enfraquecimento político. Um dos expoentes peemedebistas e nome cotado para ser o vice da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na sucessão presidencial em 2010, Temer corre o risco de ser desautorizado pelo plenário da Casa na votação do projeto de resolução proposto para acabar com a farra das passagens aéreas. Temer anunciou medidas restritivas na semana passada, mas será desafiado no plenário com emendas para afrouxar as regras.

Para tirar a Casa da paralisia, Temer e líderes partidários buscam criar uma agenda positiva, mas o que se verifica é que, depois de 83 dias de iniciados os trabalhos do ano, apenas quatro projetos de lei foram votados, enquanto o número de medidas provisórias analisadas foi três vezes maior. Nesse período, a pauta esteve livre, sem MPs obstruindo as demais votações, em apenas dois dias - 18 e 19 de fevereiro. Foi quando os deputados votaram o projeto que pune com mais rigor o trote estudantil, o que obriga a instalação de airbags nos carros, o que regularizou a situação de imigrantes ilegais e o que criou a semana de mobilização nacional para a doação de medula óssea.

Ainda com duas medidas provisórias trancando a pauta, a perspectiva é que uma nova janela de votação seja aberta apenas no próximo mês, comprometendo mais da metade do semestre. Outras MPs passarão a obstruir os trabalhos nos dias 10 e 15 de maio. Há três semanas, Temer e os líderes prometeram que a pauta estaria livre até quinta-feira passada, o que não ocorreu. A Câmara segue votando em torno de duas MPs por semana.

Na terça-feira, a votação do projeto que limita o uso das passagens aéreas pelos deputados deve ser "dura", como prevê o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aliado de Temer. Ele prevê a apresentação de diversas emendas para alterar a proposta da Mesa. No entanto, o deputado não acredita em desgaste político para Temer, se o projeto não for aprovado como o presidente da Casa queria. "Ele (Temer) mostrou a posição dele. Como a Casa tem divergências, foi para o plenário. É uma Casa democrática, reflete o sentimento da população. Cada um que assuma o ônus de seu voto", disse o peemedebista.

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