Henrique Alves: assessor demitido nesta semana tem empresa que recebeu emendas do deputado| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Suspeitas também envolvem o candidato mais forte no Senado e favorito pode ter adversário

Assim como o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o favorito na disputa à presidência do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também foi alvo de duas denúncias recentes publicadas na imprensa.

Leia matéria completa.

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Suspeitas

Confira as denúncias recentes contra o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e seus assessores:

Emendas

Reportagem da Folha de S.Paulo revelou que R$ 600 mil em emendas parlamentares de Alves destinadas ao Rio Grande do Norte nos últimos anos teriam sido utilizados para financiar obras feitas por uma empresa que tem como sócio um ex-assessor do gabinete do deputado, Aluizio Dutra de Almeida, demitido na segunda-feira. Alves alega que apenas acompanha a indicação política dos recursos, mas não a execução.

Seca

O Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), controlado politicamente pelo deputado, destinou pelo menos R$ 1,2 milhão para obras da empresa do ex-assessor do parlamentar. A CGU encontrou irregularidades nos contratos.

Aluguel de carros

Segundo matéria da revista Veja, Alves tem usado R$ 8,3 mil de um total de R$ 32 mil da sua cota mensal de gastos parlamentares para alugar carros de uma empresa registrada em nome de uma "laranja", que teria por trás um ex-assessor do PMDB. O deputado nega as acusações.

Enriquecimento ilícito

Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo mostrou que Alves é investigado em uma ação de improbidade administrativa na qual é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de enriquecimento ilícito. O MPF sustenta no processo que ele mantém ilegalmente milhões de dólares fora do país.

Candidato oficial do PMDB e do PT à presidência da Câmara Federal, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) segue colecionando novos apoios políticos à sua candidatura na mesma proporção em que surgem denúncias contra ele e seus assessores. Ontem, o PSDB da Câmara confirmou que a bancada votará em Alves. O parlamentar também foi recebido pelos governadores de Minas Gerais, Antônio Anastasia (PSDB), e do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB).

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As adesões à candidatura do peemedebista ocorreram no mesmo dia em que o jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem mostrando que a Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que uma empresa de um ex-assessor do deputado se beneficiou de licitações dirigidas para obras superfaturadas em três cidades do Rio Grande do Norte. Alves é favorito na eleição para a presidência da Câmara, em 4 de fevereiro– por enquanto, ele tem apenas dois concorrentes: Júlio Delgado (PSB) e Rose de Freitas (PMDB-ES).

Segundo a reportagem da Folha, a empresa de engenharia Bonacci tem como sócio Aluizio Dutra de Almeida, que trabalhava desde 1998 com Alves. Almeida se demitiu na segunda-feira, após a revelação de que ele recebeu recursos de emendas parlamentares do próprio Henrique Alves, além de R$ 1,2 milhão do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), órgão controlado politicamente pelo deputado peemedebista.

Segundo o jornal, a CGU encontrou prejuízos totais de R$ 192 milhões em obras do Dnocs. E em pelo menos três dessas obras com irregularidades a Bonacci está envolvida.

Segundo a controladoria, a prefeitura de Alto do Rodrigues (interior do Rio Grande do Norte) "direcionou" a contratação da Bonacci para assumir um convênio de R$ 630 mil do Dnocs na construção de 40 casas. Na cidade potiguar de Coronel Ezequiel, os auditores da CGU afirmam que houve superfaturamento de R$ 49,3 mil num contrato de R$ 142 mil para fazer barragens. Segundo a CGU, também houve direcionamento na contratação da Bonacci para tocar uma obra de R$ 420 mil na cidade de São João do Sabugi. Nesse caso, teria havido sobrepreço de R$ 55,7 mil na obra.

Bode branco

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A Folha de S.Paulo também levantou ontem a suspeita de que a Bonacci seja na verdade uma empresa de fachada. A sede dela fica numa casa simples num bairro de classe média baixa em Natal (RN), "guardada" por um bode branco chamado de "Galeguinho" pelos vizinhos.

Segundo relato da reportagem, na casa não há nenhuma identificação de que ali funciona uma empreiteira que tem contratos de pelo menos R$ 6 milhões com 20 prefeituras do Rio Grande do Norte, assinados nos últimos cinco anos, por meio de convênios do governo federal.

Um dos sócios da empresa, Fernando Leitão, negou que a empresa seja de fachada e afirmou que a Bonacci passa hoje por dificuldades financeiras. Ele é irmão de Hermano Moraes, vice-presidente do PMDB local e candidato derrotado à prefeitura de Natal em 2012, numa candidatura lançada por Henrique Eduardo Alves. Ele também negou irregularidades nos contratos com o Dnocs.

O deputado Alves ontem disse que quem tem de responder pelos contratos suspeitos da Bonacci são os sócios da empresa e não ele. Justificou que apenas busca recursos para os municípios do Rio Grande do Norte.

Ocupante do cargo controla a agenda legislativa

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Chico Marés

A presidência da Câmara dos Deputados e do Senado tem inúmeras atribuições e poderes que explicam a ambição de vários parlamentares em assumir o cargo. A principal função do presidente é organizar a pauta de votação do plenário. É ele quem, em última instância, decide o que deve e o que não deve ser discutido no Legislativo, o que lhe confere um poder maior que o de outros parlamentares. Por isso também há um envolvimento dos presidentes da República, ainda que indiretamente, na escolha dos comandantes das duas casas legislaivas – um opositor na direção do Senado ou da Câmara pode atrasar a votação de projetos importantes para o Planalto.

O presidente da Câmara também é o terceiro na linha sucessória da Presidência, e o do Senado, o quarto. O presidente do Senado acumula ainda a presidência do Congresso e pode convocar sessões conjuntas entre deputados e senadores para votar vetos presidenciais.