O Ministério da Fazenda decidiu abrir uma sindicância para investigar as suspeitas contra o ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci, que foi demitido no sábado por suspeita de receber propina de fornecedores do órgão.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou que a Casa Civil e o PTB avisaram o ministro Guido Mantega, em agosto passado, de que Denucci havia aberto offshores em paraísos fiscais que teriam movimentado U$ 25 milhões.
"Em face de reportagens publicadas na imprensa nos últimos dias relacionadas à Casa da Moeda, o Ministério da Fazenda decidiu instaurar comissão de sindicância investigativa para apurar as informações mencionadas", diz nota do ministério.
Partidos de oposição e situaçãopediram explicações ao ministro que se mantém em silêncio desde sábado, quando mandou um funcionário de terceiro escalão da pasta demitir Denucci. Ontem, solicitaram explicações o PPS, o DEM, o PMDB e o PTB
Investigação
A Polícia Federal está investigando o envolvimento de Denucci em supostas irregularidades numa licitação promovida pela instituição. O inquérito foi aberto pela Delegacia contra Crimes Fazendários da Polícia Federal no Rio de Janeiro em 2010. Neste caso, Denucci é suspeito de receber dinheiro no exterior de fornecedores da Casa da Moeda. Ele também responde, desde 2006, a um inquérito sobre suposta sonegação de impostos.
A PF apura crimes previstos nos artigos 89 e 90 da Lei 8.666, que tratam de irregularidades em licitação. O ex-diretor tem duas offshores nas Ilhas Virgens Britânicas, a Helmond Commercial LLC, em nome do próprio Denucci, e a Rhodes INT Ventures, que estaria em nome da filha, Ana Gabriela.
Edson de Siqueira Ribeiro Filho, advogado do ex-diretor, negou que Denucci tenha cometido qualquer irregularidade. Ele confirmou a existência das offshores, mas disse que o ex-diretor movimentou apenas U$ 80 mil para comprar um apartamento para a mãe em Miami. Siqueira disse que as denúncias contra o cliente tem origem em falsos dossiês que teriam sido produzidos para derrubar Denucci do comando da Casa da Moeda.
"Ter offshore não é crime. Qualquer um pode abrir uma. E todas elas estão declaradas [no Imposto de Renda]. Estão falando em movimentação financeira. Então tem que aparecer. Porque a movimentação que ele fez foi de US$ 80 mil", disse Siqueira.