Quem tem conhecimento rudimentar de rede telefônica e eletrônica consegue facilmente, e sem gastar muito, grampear um telefone, segundo o engenheiro Rômulo Mota Volpato. "Para grampear, precisa ter interesse. Se tiver interesse, é muito simples. Por causa disso tem um monte de gente fazendo essa ação", afirma Volpato, que gerencia o laboratório de ensaios e calibração de equipamentos do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). Localizado em Minas Gerais, o Inatel foi um dos pioneiros em pesquisa em engenharia elétrica e de telecomunicações no país.
Volpato explica que com R$ 100 a R$ 200 consegue-se grampear uma linha de telefone fixo. "Se for comprar os equipamentos para o grampo, fica caro, mas se for fazê-los, não. Com conhecimento rudimentar faz." Ele lembra que antigamente revistas especializadas ensinavam a fazer o aparato.
Do outro lado da linha, o cidadão não percebe que está sendo grampeado. A desconfiança de que o grampo gera barulho não passa de mito, segundo o engenheiro. "A conversa telefônica é praticamente transparente para o usuário. Ele não percebe que está sendo vigiado. Não descobre." Também as operadoras de telefone não vistoriam. As ferramentas que os usuários comuns dispõem são dispositivos que medem as características da linha para identificar se há escuta; elementos de segurança, como os embaralhadores; e telefones especiais.
Grampear um telefone fixo é mais barato que celular, de acordo com Volpato. O rastreamento mais simples é o que se coloca um gravador em algum ponto da linha telefônica pode ser tanto no aparelho quanto na linha localizada nos postes de luz. Dessa forma, a corrente telefônica aciona o dispositivo, que grava automaticamente quando houver conversa. Um transmissor pode ser colocado junto com o gravador e o araponga consegue ouvir a conversa em tempo real, numa distância de 100 a 800 metros. "O transmissor também é simples de ser feito."
O engenheiro estima que o preço para rastrear um celular, no entanto, pode chegar a 100 mil dólares, pela complexidade do sistema. Esse é o valor que ele acredita custar a maleta, um equipamento formado por computador e programas que fazem "varreduras". A maleta decodifica o sinal telefônico de celular e grampeia o aparelho.
