O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano (PSC-SP), reagiu às críticas feitas por ministros do governo Dilma Rousseff sobre o projeto chamado de "cura gay". O texto aprovado na terça-feira na comissão revoga artigos de resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que impede profissionais de oferecerem tratamentos para reverter o homossexualidade. Em entrevista à imprensa e no microfone do plenário, o deputado ameaçou "tomar providências" se houver interferência do Executivo na tramitação do projeto na Câmara.
Feliciano citou nominalmente os ministros Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Alexandre Padilha (Saúde) e disse que se os dois estiverem falando em nome da presidente Dilma, ele irá tomar providências. O deputado, em entrevista depois da fala, lembrou que o próximo ano é "ano político", numa referência indireta ao peso dos evangélicos nas eleições, incluindo a eleição presidencial.
"Estamos sendo achincalhados. Quero saber se os ministros Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Alexandre Padilha (Saúde) falam em nome da presidente Dilma. Se estiverem falando, vamos tomar providências. Estamos nos sentindo rejeitados, agem por preconceito só porque somos evangélicos", queixou-se Feliciano no plenário.
Indagado sobre que tipo de providências pretendia tomar, Feliciano fez mistério. "Vou deixar todo mundo pensar, a presidente Dilma pensar, porque os ministros não pensam sobre o que falam ou fazem. Ano que vem é ano político. Não podem nos tratar com descaso."
Recurso
O vice-líder da Minoria na Câmara, deputado federal Simplício Araújo (PPS-MA), ingressou com recurso contra a aprovação da proposta conhecida como "cura gay". No recurso ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o parlamentar afirma que Feliciano usou de manobra antirregimental ao colocar em votação a proposta, atropelando o regimento. A proposta terá que passar ainda por outras duas comissões da Casa: Seguridade Social e Constituição e Justiça.
O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Wadih Damous, criticou a aprovação do projeto. "Tratar a homossexualidade como doença é mais um dos absurdos cometidos pela chamada Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. É lamentável uma proposição como essa justamente no momento em que o país assiste a uma mobilização social capaz de enfrentar práticas fundamentalistas e dar efetividade à defesa e garantia dos direitos humanos."
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Copom aumenta taxa de juros para 12,25% ao ano e prevê mais duas altas no próximo ano
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast
Deixe sua opinião