Na tentativa de viabilizar sua permanência à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) se reuniu nesta quinta-feira com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para pedir sua interferência para acabar com clima de confronto de parlamentares do PT, do PSOL e do PSB com os evangélicos. No périplo em busca de apoio, Feliciano também procurou o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que pediu para não envolver o governo na confusão, e até o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos parlamentares contrários à eleição do pastor para comandar a Comissão.
Acusado de racismo e homofobia, Feliciano presidiu nesta quarta-feira (13) a primeira sessão da Comissão em meio a bate-boca entre parlamentares, palavras de ordem, vaias, aplausos e muito tumulto. Apesar dos protestos veementes, que duram há duas semanas, ele insiste em ficar no cargo. "Pedi aos grupos representados ponderação, equilíbrio e responsabilidade. Vamos aguardar os próximos dias para que isso realmente possa acontecer na comissão, que é muito importante", afirmou Henrique Alves, depois de se encontrar com Feliciano e o líder do PSC, deputado André Moura (SE).
Na véspera, o presidente da Câmara recebeu um grupo de deputados contrários ao pastor, como Érika Kokay (PT-DF) e Jean Wyllys. "Espero que nos próximos dias esse clima venha a ser harmonizado em um entendimento em que todos possam perceber que o importante para esta Casa é a ordem, o respeito", disse o presidente da Câmara.
Para Henrique Alves, os dois lados _ os pró e os contra Feliciano _ estão errados. "Não se pode culpar apenas uma parcela, porque toda ação provoca uma reação e acho que esse radicalismo e esse emocionalismo não estão compatíveis com o que a Casa tem o dever de apresentar à sociedade brasileira", argumentou Henrique, ao lamentar o clima de baixaria da primeira sessão da Comissão de Direitos Humanos.
Deputados contrários à permanência de Feliciano na Comissão se revezaram ontem na tribuna da Câmara para pedir sua renúncia e alardear a existência de um novo vídeo, em que o pastor aparece fazendo criticas ao Congresso e ao governo. Nas imagens que estão na internet, Feliciano afirma, durante culto de sua igreja que se "apavora" todas as terças-feiras quando chega à Câmara e que satanás "está infiltrado no governo brasileiro". Ele também aproveita para criticar os parlamentares que, mesmo sendo evangélicos, se negaram a assinar proposta de sua autoria para a realização de um plebiscito sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Na próxima quarta-feira (20), os deputados contrários a Feliciano pretendem lançar a Frente Parlamentar pelos Direitos Humanos para tentar fazer um contraponto à eleição de Feliciano para a presidência da Comissão. Esses mesmos parlamentares estudam também entrar na corregedoria da Câmara contra o pastor, que emprega em seu gabinete funcionários que trabalham somente na sua igreja. "Ele me pediu ajuda para ficar na Comissão e disse que o seu estilo é da paz", contou Chico Alencar, ao continuar a defender a saída de Feliciano.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura