O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputado Marco Feliciano (PSC-SP) divulgou nesta segunda-feira (18) um vídeo com críticas aos que se opõe a sua eleição no colegiado. Sob o título "Pastor Marco Feliciano renuncia", o vídeo, de quase nove minutos, foi publicado na conta no Youtube da produtora Wap TV Comunicação, que tem, entre seus donos, Wellington Josoé Faria de Oliveira, o Well Wap. Além de produzir os programas de Feliciano, Oliveira é funcionário do gabinete do deputado em Brasília. A produtora, entretanto, fica no Rio de Janeiro. Ele nega que haja qualquer vínculo da sua produtora com o vídeo.
O material diz que Feliciano está "cansado, sobrecarregado, caluniado" e que "sua última alternativa" é "renunciar" à privacidade. "O deputado pastor Marco Feliciano decidiu renunciar sua privacidade (sic), noites de paz e sono tranquilo, momentos preciosos com a própria família" para não "renunciar à Comissão de Direitos Humanos para que a sua família seja preservada", diz o vídeo.Ainda que não haja no vídeo nenhuma declaração do deputado, é atribuída aos opositores a organização, "de forma obscura", de "protestos para coagi-lo a desistir".
O vídeo elenca ainda imagens de protestos contra o deputado, cenas da primeira reunião da comissão, declarações polêmicas de opositores e uma cena com Feliciano chorando.
Feliciano foi eleito na semana retrasada presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara sob protestos de deputados e movimentos sociais. Juntos, os opositores do pastor têm organizado manifestações que pedem a renúncia de Feliciano do comando do colegiado.
Militantes contra sua atuação na Câmara citam, entre outras declarações, uma mensagem no Twitter na qual Feliciano classifica os africanos como descendentes de um ancestral "amaldiçoado por Noé". O pastor diz ter sido mal interpretado.
Mostra também o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), militante no Congresso da causa LGBT e um dos maiores críticos à eleição de Feliciano, conversando com manifestantes e afirmando em entrevista que "os orixás" deram a ele seu mandato.Veicula, além disso, imagens de protestos e do que classificaram de "rituais macabros" em frente a um dos templos de Feliciano. "Por que receberam suas entidades na entrada de uma igreja evangélica? Por que gritavam palavras religiosas [saravá]?", questiona o vídeo.
Procurado pela reportagem, Wellington Oliveira disse que a empresa não tem vínculo com a produção do vídeo. Disse ainda que exerce apenas a função de assessor de comunicação de Feliciano, estando afastado das funções na Wap TV, e que a empresa é de responsabilidade de sua mulher.
Ana Faria, que responde pela empresa, disse que postou o vídeo no canal do Youtube da empresa porque achou "interessante e engraçado". "Recebi por e-mail e achei que deveria postar." O canal da empresa no Youtube normalmente se destina a publicar somente material da produtora.