O caos social provocado por um crime político se reflete na campanha eleitoral de Fênix, cidade com 4,3 mil habitantes na região Centro-Oeste do Paraná. O prefeito da cidade foi assassinado em 2005 e a conseqüência é de que, quase dois meses do início da corrida eleitoral, não parece que em Fênix também haverá eleição. É raro encontrar qualquer tipo de publicidade eleitoral na cidade. Um acordo entre os partido e a Justiça Eleitoral prevê que seja realizada uma campanha limpa. Mas o medo também seria uma das razões da ausência de propagandas.
O casal de aposentados Antônio Castro, de 69 anos, e Pedra Ibanhes, de 71 anos, resolveu não permitir a colocação de propaganda política na residência e no carro da família. "Temos medo de demonstrar simpatia a um determinado candidato e não comentamos a intenção de voto. Em período de campanha política em Fênix, o melhor é ficar calado", enfatiza Castro. Daniel Correia da Silva (PSL), candidato a vereador, acredita que a falta de publicidade na cidade é reflexo da história política recente. "Todos estão com medo. O crime assustou políticos e moradores. O eleitor evita declarar para quem vai votar", comenta Silva.
A cidade teve quatro prefeitos diferentes nos últimos quatro anos. Em dezembro de 2004, o segundo colocado nas eleições, Manoel Custódio Ramos (PMDB), assumiu a prefeitura após a Justiça acatar a denúncia de compra de votos contra o primeiro colocado Altair Molina Serrano (DEM). Um ano depois, Ramos foi assassinado quando chegava em casa. O vice-prefeito Aristóteles Dias dos Santos Filho (PMDB) assumiu e comandou a cidade por um ano e quatro meses até o Tribunal de Justiça determinar a prisão dele, acusado de ser um dos mandantes da morte.
Com a prisão de Santos Filho, o presidente da Câmara Municipal, Mauro Marangoni (PMDB), assumiu e deve terminar o mandato. Santos Filho renunciou ao cargo. Em maio, o ex-prefeito que cumpria pena em uma cela do regime semi-aberto em Campo Mourão foi transferido para uma cela comum em Fênix, onde aguarda julgamento.
"[A situação] assusta, mas não tenho medo de assumir a prefeitura. Peço aos eleitores para esquecer o que aconteceu, o passado serviu de experiência. O município já perdeu muito com a situação", diz o candidato Altair Molina Serrano (DEM). Já para o opositor, Edivaldo Gomes de Souza (PDT), a morte do ex-prefeito não gera receios. "Foi um fato isolado. Nessa eleição os dois grupos são completamente diferentes, não ligados a administração anterior e estão interessados em governar", comenta Souza. Ele acredita que a campanha limpa, principalmente no centro da cidade, esteja relacionada ao acordo com a Justiça e o desinteresse da população. "Os comerciantes não querem colocar cartazes, pois estariam declarando o voto", diz.
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