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Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) falou sobre a vida no exílio durante o golpe militar e as denúncias de tortura que fez a autoridades no período.

No depoimento, gravado na quarta-feira e disponibilizado em vídeo nesta quinta (27) no site da comissão, ele fala sobre o período que teve de viver no exterior e incluiu passagens por Argentina, Chile e França.

"Estão servindo caviar, mas é amargo, porque o exílio é o exílio. É amargo porque você vive a maior parte do tempo imaginando o que está acontecendo no seu país e na expectativa de que tudo vai mudar."

Já de volta ao Brasil, FHC contou ter denunciado a Golbery do Couto e Silva, ministro de Ernesto Geisel (1974-1979), que intelectuais estavam sendo torturados na prisão.

"Eu não fui torturado, mas vi gente torturada, disse para ele", afirmou o tucano.

O ex-presidente também disse que, em outra ocasião, ao questionar o comandante do 2º Exército a respeito dos relatos de tortura, ouviu como resposta que as vítimas eram "maus brasileiros".

Também falou sobre sua passagem pelo DOI-Codi para prestar esclarecimentos."Eu creio que eles não tinham mãos livres sobre nós, porque já era uma fase de Geisel, mas mesmo assim nos tiraram fotografia com aquele número, nos colocaram um capuz na cabeça, passei 24 horas lá", afirmou o ex-presidente.

"O que passou comigo não foi nada comparado ao que outras pessoas passaram. Mas naquele tempo era muito difícil ser democrata. Hoje todo mundo é. Naquele tempo era um ato de coragem."

FHC disse ainda ter sido interrogado sobre "ligações com trotskistas argentinos e chilenos" e sua amizade com Roberto Campos.

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