O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta sexta-feira, no Rio, ser contra o fim da reeleição, proposta que pode ser incluída na reforma política. Ele afirmou ser contrário a mudanças institucionais a cada instante e que o país não é um laboratório experimental:
- Por que vamos agora inventar a roda quadrada e mudar o sistema outra vez? No fundo é para acomodar interesses tópicos - declarou o ex-presidente.
FH lembrou que sempre foi defensor da reeleição:
- O Brasil tem a mania de mudar toda hora tudo. Mas introduzimos a reeleição, sou favorável, fui na Constituinte. Mudar por quê? O Lula acabou de ser reeleito porque o povo quis. Eu não sou favorável a mudanças institucionais a cada instante. O país não é um laboratório experimental - disse.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, disse nesta sexta que sempre foi contra a reeleição. Ele, no entanto, defende um mandato de cinco anos para presidente da República. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, concorda com o fim da reeleição e a ampliação do mandato, desde que não valha para os atuais ocupantes de cargos majoritários:
- A eventual prorrogação do mandato atual, sem a devida consulta popular, seria uma grave violação à Constituição Federal, com cheiro de golpe - afirmou Britto.
Sem diálogo
Fernando Henrique comentou ainda a proposta de diálogo feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva:
- Como você vai dialogar se o presidente todo o dia me ataca à toa? Então, ele não quer diálogo nenhum. Quer tirar proveito.
Para o ex-presidente, o diálogo tem de ter base objetiva. Ela acha também que o diálogo tem de ser travado entre parlamentares do governo e da oposição:
- Senão, tem cheiro de cooptação, de chamar para amortecer. Aí eu não gosto - acrescentou o ex-presidente, que encerrou nesta sexta o Seminário Internacional "A reinvenção do futuro das grandes metrópoles e a nova agenda de desenvolvimento econômico e social da América Latina", na Associação Comercial.
Continuidade
Mais cedo, em entrevista à Rádio Gaúcha, FH afirmou que o governo Lula é de continuidade às políticas econômicas que seu governo implantou entre 1994 e 2002. Para o ex-presidente, os pilares que sustentam o Brasil na atualidade foram construídos na sua gestão.
- Não vejo nenhuma inovação de base estrutural. Os fundamentos da política (econômica) fomos nós que lançamos (...) O presidente Lula teve o bom senso de não mudar o que estava dando certo - completou.
Fernando Henrique não perdeu a chance de cutucar os petistas, oposição ferrenha durante seu governo.
- Se o presidente Lula se recordasse como o partido dele me atrapalhou quando eu tentava endireitar o Brasil, ele faria um mea-culpa. Podíamos ter avançado muito mais se o PT não tivesse atrapalhado - afirmou.
Com PAC e sem reformas
Apesar das críticas, o ex-presidente elogiou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), dizendo que Lula deveria ter implantado um programa similar no primeiro dia de seu mandato. Sobre as reformas política, trabalhista e tributária, disse que o atual governo não está empenhado em aprová-las.
- O governo não está empenhado em fazer as reformas. Sem empenho do governo, não passa nada (no Congresso) - acrescentou.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, não quis polemizar as críticas feitas pelo ex-presidente.
- Não acho que constrói alguma coisa eu ficar debatendo com um ex-presidente como o Fernando Henrique Cardoso - limitou-se a dizer a ministra, que nesta sexta participou de um debate sobre o PAC num restaurante em São Bernardo do Campo.
Presidente de honra do PSDB, FH falou ainda sobre o panorama para as eleições de 2010 e garantiu que o partido estará coeso e unido.
- Nós sabemos que sem unidade não é possível vencer. E a vitória é fundamental para a sobrevivência do partido - concluiu.
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