O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) informou ao jornal espanhol "El País", em entrevista publicada nesta sexta-feira, que "o mais provável" é que um candidato do PSDB seja eleito sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010. Ele afirmou que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), lidera as pesquisas, seguido do também tucano Aécio Neves, governador de Minas Gerais.
"O mais provável é que ganha um candidato do PSDB, do meu partido. As pesquisas dão uma clara vantagem ao governador de São Paulo, e em segundo lugar, ao governador de Minas Gerais", disse o ex-presidente.
O tucano afirmou que o peso das instituições tem evitado que mudanças drásticas ocorram nas mudanças de governo no Brasil. Segundo ele, assim como não teria havido uma grande mudança macroeconômica após Lula sucedê-lo, o mesmo não ocorrerá na próxima troca de presidentes. FH fez críticas, no entanto, ao que chamou de crescimento do clientelismo no governo Lula, apesar de ter defendido a manutenção dos programas sociais.
"Talvez seja necessário corrigir o clientelismo, que cresceu durante os oito anos do governo Lula. Mas não se vai mudar a política social, que começou inclusive antes de mim. O Brasil chegou a um ponto de maturidade em que as mudanças não produzem quebras", disse.
O ex-presidente concordou que o Brasil esteja melhor hoje do que quando ele deixou o poder, mas considerou isso "natural". Fernando Henrique argumentou que Lula teve "uma conjuntura econômica positiva de 2003 em diante" e "a sabedoria de não mudar", ressaltanto que o desenvolvimento do país é cumulativo, o que explicaria a melhor situação da gestão petista.
"O país progride há muito tempo, e o progresso é cumulativo. De igual modo que o próximo presidente melhorará mais, porque se beneficiará do que eu fiz e do que fez Lula", afirmou.
FH descartou que a presença de líderes como Hugo Chávez e Evo Morales no governo de países vizinhos exerça influência no Brasil. O ex-presidente disse que no PT há gente que compartilha as visões do venezuelano e do boliviano, mas o mesmo não ocorreria dentro do governo.
"O Brasil é muito grande, muito complexo, não é provável que os brasileiros adiram ao modelo de Chávez. Lula tem um retórica populista, é popular, mas seu governo não", analisou o tucano.