O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu nesta quinta-feira um choque de moral na sociedade brasileira, após as denúncias de corrupção envolvendo parlamentares, dirigentes de partidos da base aliada e membros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- A inteligência chegou a um ponto em que estamos entre a indiferença e a indignação. Quem tem que vencer é a indignação. Mas está vencendo a indiferença. Não dá para continuar assim. A sociedade está precisando de um choque moral. Não gosto de dizer isso, dá a impressão de uma coisa muito udenista, mas precisa - disse FH em uma palestra na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Depois de ser escolhido para disputar a eleição presidencial em outubro, Alckmin clamou por um choque e um banho de ética na política brasileira para afastar Lula e o PT do poder por meio das urnas.
FH, que tem se exposto menos à opinião pública desde o anúncio da candidatura de Alckmin, prometeu engajamento na campanha do ex-governador de São Paulo e evitou críticas ao sucessor no Palácio do Planalto.
- Vou me engajar na campanha logo. Não misturo a função de professor e de líder político. Não seria correto fazer críticas aqui - disse ele em breve entrevista coletiva.
O ex-presidente não acredita que a economia brasileira poderá crescer mais de 5% neste ano, ao contrário do que sugeriram membros do governo nos últimos dias.
- Não há taxa de investimento que sustente isso - disse.
Para ele, a decisão do Copom de reduzir os juros em meio ponto percentual na quarta-feira foi equilibrada.
- Há sinais no mundo um tanto preocupantes. E aqui o gasto público cresceu muito. Acho que usaram uma medida de equilíbrio diante das circunstâncias, mas espero que baixem mais - disse.
O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, rebateu o ex-presidente FH ao afirmar que não se trata de choque, já que a ética deve ser perseguida constantemente.
- Isto é normal não somente agora, mas em todo o processo político brasileiro. Agora, esta visão de choque de ética não tem nenhuma fundamentação. A ética se constrói processualmente no interior do estado e da sociedade civil. Se tem alguém que se corrompe dentro do Estado, esta corrupção é induzida por um corruptor que vem de fora e, portanto, isso não é questão apenas do Estado brasileiro, é uma questão do Estado e da sociedade - disse Tarso a jornalistas em São Paulo, onde realizou palestra para empresários.
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