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Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente | CHRISTIAN RIZZI/CHRISTIAN RIZZI
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente| Foto: CHRISTIAN RIZZI/CHRISTIAN RIZZI

Em artigo publicado na Gazeta do Povo e em outros jornais brasileiros neste domingo (02), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) descartou a possibilidade de diálogo entre tucanos e petistas para amenizar a crise política e econômica.

O encontro chegou a ser ventilado nesta semana em Brasília por aliados da presidente da presidente Dilma Rousseff.Uma aproximação diplomática com o ex-presidente, tido como defensor da Constituição Federal e voz moderada na oposição violenta que o governo sofre atualmente era vista com bons olhos pelo Planalto.

No mês de março, FHC deu declarações contra as movimentações que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff dizendo que era “indesejável para a democracia brasileira”.“O impeachment é como bomba atômica, é para dissuadir, não para usar. Eu não posso dizer que seja impossível, porque as coisas não são assim em política. Mas o horizonte mais provável não é que vá para esse lado”, disse à época FHC.

Na coluna publicada hoje, no entanto, o ex-presidente mudou o tom e afirma que tentou conversar com a cúpula petista, mas que atualmente o “diálogo é impossível” pois poderia ser vista como “conchavo” ou um “abraço de afogados”.

Para FHC, a hora não é mais de entendimento entre partidos políticos, mas de a Justiça agir contra o governo. “Tardiamente, círculos petistas se lembraram de que talvez fosse oportuno conversar com os tucanos… Parece a história do abraço do afogado. Calma, minha gente, há tempo para tudo. Há hora de conversar, hora de agir e hora de rezar”, escreveu o ex-presidente.

O ex-presidente disse que sempre esteve aberto à tentativa de diálogo, e que o presidente Lula não precisaria de intermediários para procurá-lo. Porém, hoje a conversa não seria mais possível.

“Para dialogar, não adianta se vestir em pele de cordeiro. Fica a impressão de que o lobo quer apenas salvar a própria pele”, acrescentou.

O tucano lembrou que tentou uma aproximação com a presidente Dilma e o ex-presidente Lula, durante a viagem para o funeral do líder sul-africano Nelson Mandela, em 2013, mas teria sido foi ignorado pelos petistas.

“Naquela ocasião, como em outras, a resposta do dirigente máximo do PT foi ora de descaso, ora de reiteração do confronto, pela repetição do refrão autorreferente de que antes dele tudo era pior. Para embasar tal despautério, o mesmo senhor, no afã de iludir, usou e abusou de comparações indevidas”, escreveu o tucano, em alusão a Lula.

Para FHC, o governo perdeu ali a oportunidade de dialogar com a oposição. “A hora para agir já não é mais, de imediato, do Congresso e dos partidos, mas, sim, da Justiça. Essa constatação não implica dizer um não intransigente ao diálogo. Decidam a Justiça, o TCU e o Congresso o que decidirem, continuaremos a ter uma Constituição democrática a nos reger e a premência em reinventar nosso futuro”, defendeu.

Dilma honrada

Em entrevista à revista alemã de economia Capital, publicada na edição deste sábado (1º), o tucano afirmou que Dilma é uma “pessoa honrada” e não está envolvida com o esquema de corrupção que atuava na Petrobras. Ele atribuiu a Lula a responsabilidade política pelo petrolão. “Os escândalos começaram no governo dele [Lula]. Tudo começou bem antes, em 2004, com o Lula, com o escândalo do mensalão”, disse FHC.

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