O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu hoje a largada nos preparativos do PSDB para a eleição de 2010 e fixou um prazo de pouco mais de seis meses para que seja definido o nome da sigla que concorrerá à sucessão no Palácio do Planalto. Num discurso forte, no qual referiu-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "pretensioso" e chamou seu governo de traidor do povo brasileiro, Fernando Henrique convocou líderes tucanos a iniciarem desde já as conversas sobre a eleição.
"Temos de ter no segundo semestre do ano que vem um candidato do PSDB à Presidência da República, unindo o partido", disse FHC, num discurso de mais de meia hora, durante um encontro organizado pelo PSDB paulista com prefeitos e vereadores eleitos no Estado. Ele empenhou-se para não lançar de imediato a candidatura do governador José Serra, ao contrário do que outros tucanos faziam pelos corredores do evento. Apesar de não economizar nos afagos ao governador, ele reservou espaço no discurso para elogios ao governador de Minas, Aécio Neves. "Os dois são bons. Mas eu sou presidente de honra do partido. Não posso, antes da hora, antes de conversar com os dois, antecipar", afirmou em seguida, em entrevista.
Ainda no discurso, FHC não descartou a possibilidade de o nome ser definido em convenção. "Não temos medo. Se tiver divisão, faça convenção. Escolhe. Mas temos que ter o candidato. Senão, as forças da sociedade não têm por onde escoar, não têm como se exprimir. Vai ficar com o que está aí", emendou FHC. "Vamos conversar fraternamente, mas depois de seis meses de conversa vamos chegar à conclusão de quem é o candidato. E quando houver o candidato vamos gritar todos juntos numa voz só: `Este é o homem que vai levar o Brasil a dias melhores'."
Argumentando que o candidato será "a voz" do que o PSDB planeja para o futuro, o ex-presidente conclamou os tucanos a acirrarem o tom crítico em relação ao governo. Apesar de dizer que não há necessidade de exagerar na agressividade e que o eixo não deve ser a crítica pessoal ao presidente Lula, ele próprio não baixou o tom. "Não precisamos ser agressivos pessoalmente com ninguém. Mas nem por isso vamos dizer 'tudo o que seu mestre fala está certo'. Não está. Temos que dizer: o Rei está nu, aqui, ali, acolá. Põe a roupa presidente", afirmou. "'Não diga bobagem, presidente. Seja mais coerente com sua história. Não seja tão rápido no julgamento do que os outros fizeram. Perceba que uma nação se faz numa seqüência de gerações. Não seja tão pretensioso. Seja um pouquinho mais humilde'."
FHC também não poupou o PT. Disse que as últimas eleições serviram de prova de que a sigla de Lula está sendo empurrada para os grotões do País, tendo sido derrotado em grandes centros do País. Agora, disse o ex-presidente, a legenda se mantém como reflexo da Presidência da República.
"O governo atual disse uma coisa para o País e fez outra. Fez outra. Não importa que essa outra tenha sido a seqüência daquilo que nós tínhamos feito anteriormente. Não importa. Do ponto de vista de comportamento, eles traíram seus eleitores", afirmou. "Não podemos aceitar essa história de que todos os gatos são pardos. Nós não somos gatos pardos. Somos outra coisa. Somos tucanos."
Em seguida, na entrevista, FHC minimizou as críticas a Lula. Questionado se acha que falta humildade a Lula, ele devolveu: "Não disse isso. Disse que nós todos temos que ser humildes. Ele, como ser humano, é bom que seja."
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