Fernanda Richa: permanência na prefeitura ainda é dúvida| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

A permanência de Fernanda Richa na prefeitura de Curitiba, defendida pelo movimento "Fica Fernanda", ainda não foi definida pelo prefeito Beto Richa (PSDB), mas já começou a provocar rusgas entre PT e PSDB na Assembléia Legislativa. A discussão da manutenção ou não dela à frente da Fundação de Ação Social (FAS) passa obrigatoriamente pela súmula antinepotismo editada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão é exclusivamente de responsabilidade do prefeito, que aguarda um parecer do procurador-geral do município, Ivan Bonilha.

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Ontem, da tribuna, tucanos e petistas iniciaram a especulação sobre a manutenção ou não de Fernanda no cargo e até as conseqüências disso. Tadeu Veneri (PT) avaliou o movimento "Fica Fernanda" como um mecanismo para burlar a súmula. "Existe esta decisão (do STF) que não quer saber o nome e a relação familiar com o governante. Ela proíbe e ponto final", argumentou. "Esses jeitinhos que estão encontrando para manter parentes, seja na prefeitura ou no governo, me incomodam e daqui a pouco a súmula será desrespeitada por todos", completou.

O tucano Ademar Traiano e o pedetista Luiz Carlos Martins trataram de ressaltar o trabalho de Fernanda na fundação e levantaram a possibilidade dela continuar no cargo de forma voluntária – sem receber salário. "O que é imoral: o salário recebido ou o que ela faz", questionou Martins, para em seguida defender a permanência da primeira-dama no cargo. "A Fernanda não pode fazer trabalho voluntário sem receber? Claro que pode." A deputada Cida Borgethi (PP) também defendeu Fernanda. "É uma mulher excepcional que honra pelo seu trabalho".

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O deputado estadual Douglas Fabrício (PPS) rebateu as críticas ao prefeito afirmando que o PT estava com dor de cotovelo por ter perdido a eleição em Curitiba. O parlamentar fez ainda uma provocação à bancada do PT na Assembléia. "Se vocês estão tão preocupados com o nepotismo deveriam assinar o meu projeto que combate a prática no Paraná", desafiou.

Se o prefeito mantiver a mulher na fundação, estaria contrariando a súmula que proíbe parentes do governante assumir cargos comissionados – exceto os de natureza política. É nesta brecha, dos cargos políticos, que Fernanda poderia assumir uma secretaria sem que sua nomeação ferisse a decisão do STF.

"Colocar ela (Fernanda) numa secretaria é um deboche para a população", avaliou Veneri. "É o que o governador (Roberto Requião) fez com Maristela e está fazendo com Eduardo (Requião). Eu estou aguardando uma manifestação do prefeito e o povo espera que a lei seja cumprida", esbravejou o petista.