A aprovação da Lei da Ficha Limpa quinta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF) vai atrapalhar os planos de dois personagens da política brasileira. Com a intenção de concorrer neste ano à reeleição para a prefeitura de João Alfredo, interior de Pernambuco, onde foi eleito em 2008, Severino Cavalcanti (PP), ex-presidente da Câmara dos Deputados, ficará impedido de entrar na disputa novamente. Joaquim Roriz (PSC), ex-governador do Distrito Federal, por sua vez, também não poderá se candidatar a este cargo em 2014 como pretendia.
Severino renunciou, em 2005, para não ser cassado. À época, o então deputado foi acusado pelo empresário Sebastião Buati de cobrar propina em troca da prorrogação da concessão de um restaurante da Casa, de propriedade de Buati. Dois anos depois, Roriz abriu mão do Senado. O Ministério Público o denunciou por ter recebido R$ 2,2 milhões para facilitar um negócio do empresário Nenê Constantino, dono da Gol Linhas Aéreas.
A Lei da Ficha Limpa prevê que quem renuncia a um mandato permanece inelegível por oito anos a partir do fim do prazo da função para qual foi eleito. Sendo assim, Severino só poderá disputar agora uma eleição a partir de 2015, já que o seu mandato como parlamentar iria até 2006. No caso de Roriz, ele só terá o direito de voltar a concorrer em 2022. Seu mandato como senador se estenderia até 2014.
Procurado pela reportagem, Severino não foi encontrado. Em nota, Roriz afirmou que não cometeu crime e atribuiu as acusações a adversários.
A transação entre Roriz e Constantino, segundo o MP, resultou na mudança de destinação de um terreno de 80 mil metros quadrados na extremidade sul de Brasília. Em consequência, a área ficou supervalorizada. O acordo foi iniciado em 2006, ano em que Roriz era governador do Distrito Federal. Em setembro de 2010, temendo que o STF aprovasse a Lei da Ficha Limpa naquele ano, Roriz desistiu de disputar o cargo e lançou a candidatura da mulher, Weslian Roriz.
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