O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, prevê que a criação de um salário mínimo regional no Paraná vai provocar um "efeito perverso" sobre quem seria beneficiado pela medida, que é a classe trabalhadora. O alerta foi feito ontem durante a sessão da Assembléia Legislativa que abriu os debates sobre o projeto do governo que será votado pelos deputados no mês de maio.
O início das discussões sobre a criação do teto estadual coincidiu com o lançamento de uma campanha a favor do mínimo regional. O governo do estado colocou peças publicitárias nas ruas de Curitiba, pedindo urgência na aprovação do salário de R$ 437.
Na avaliação da Fiep, porém, o aumento deve provocar um efeito cascata, repercutindo em todas as classes trabalhadoras e onerando as empresas que não terão como suportar a elevação em suas planilhas de custos. Segundo Rocha Loures, a mudança pode agravar ainda mais a situação de perda de produtividade do setor industrial, que vem sofrendo com a política de juros altos, desvalorização do câmbio e tributação excessiva.
Os governistas discordaram da avaliação do presidente da Fiep. Para o deputado Mauro Moraes (PMDB), que apresentou ao governo a proposta de criação do mínimo no ano passado, os argumentos são improcedentes. Segundo ele, o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro, que já adotaram um piso regional, não tiveram que enfrentar o desemprego nem a informalidade. "Se o trabalhador ganha mais, gasta mais, e o comércio e a indústria só podem ser beneficiados", afirmou Moraes.
O líder da bancada do PT, Ângelo Vanhoni, também rebateu Rocha Loures. "O Brasil é o maior concentrador de renda no mundo, não podemos nos calar diante desta situação", disse.
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