O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, anunciou na tarde desta segunda-feira que tanto a federação quanto a Ciesp são a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. É a primeira vez que duas das principais entidades de classe do empresariado no Brasil se posicionam em bloco e oficialmente sobre o processo de impedimento de um presidente.
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“Por esta situação que chegamos na economia e com esta crise política causada pela total falta de credibilidade do governo, por falta de confiança do governo, de investimentos parados, o país à deriva, nessas circunstâncias e o que nós observamos por parte da senhora presidente não é atitude no sentido de solucionar, no sentido de reduzir gastos, de reduzir desperdício. Pelo contrário. É a vontade de aumentar os impostos, penalizando mais ainda a sociedade, as empresas, a competitividade, as pessoas. Então somos a favor do andamento do processo de impeachment”, afirmou Skaf.
Skaf afirmou que a posição foi adotada com base em uma pesquisa de opinião feita com 1.113 donos ou gestores de indústrias de São Paulo, ouvidos entre os dias 9 e 11 de dezembro. O levantamento mostrou que 91% dos respondentes são pessoalmente a favor do impedimento de Dilma, 5,9% são contrários ao afastamento da presidente e 3,1% não responderam.
Quando perguntados sobre o posicionamento oficial da sua empresa, 85,4% disseram que a companhia é favorável ao impeachment, 4,9% são contrárias e o respondente não soube informar o posicionamento da empresa em 9,7% dos casos. Em relação à Fiesp, 91,9% disseram que a entidade tem que se posicionar sobre a questão, enquanto 8,1% opinaram que não.
A sondagem foi feita pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, que disparou cerca de 8.395 questionários para empresas cadastradas e contabilizou as respostas recebidas. A amostra da pesquisa é composta por 73% de empresas pequenas, 22% de médias e 5% de grandes e não expressa exatamente a distribuição de portes das empresas paulistas.
A federação, que representa 153 mil indústrias paulistas, já vinha criticando abertamente a política econômica da gestão Dilma, inclusive com a veiculação de anúncios em jornais com os nomes e contatos de deputados que se posicionaram a favor da recriação da CPMF.
Em 1992, ao longo do processo de impeachment contra Fernando Collor, a organização não tomou partido. Na antevéspera da votação no plenário da Câmara que abriu procedimento contra o presidente, o recém-empossado presidente da FIESP, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, disse que apoiava pessoalmente a cassação do então presidente, mas não falava pela entidade. Agora a decisão é tomada com meses de antecedência em relação ao desfecho do processo contra a petista. Essa, no entanto, não é a primeira vez em que a Fiesp adota um posicionamento político. Na eleição de 1989, o então presidente da instituição Mário Amato disse que, se o candidato à presidente Lula vencesse o pleito, haveria um êxodo de 800 mil empresários do país.
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