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Em seu primeiro depoimento à polícia nesta terça-feira (13), Renata Senna contou que tinha planos de pedir a interdição do pai e passar a administrar seu patrimônio. Filha do milionário da Mega-Sena assassinado no dia 7 de janeiro, a herdeira da fortuna confirmou ainda que chegou a ser ameaçada de morte na época pela madrasta Adriana Almeida, que teria ouvido sua conversa com Renné Senna.

"Ela já tinha falado isso para ele, em junho do ano passado, por causa das atitudes dele, mais e mais manipulado por Adriana. E voltou ao assunto em novembro, quando o milionário tranqüilizou a filha dizendo que já sabia com quem tinha se casado e pretendia retirar Adriana do testamento", disse o advogado de Renata Marcos Rangoni, procurado por ela desde então para cuidar do processo de interdição.

Renata contou ainda que Adriana ouviu a tal conversa e que chegou a ser ameaçada pela madrasta na época. "Adriana disse que ela ia morrer com ou sem advogado", detalhou Rangoni, que sustenta que sua cliente alegava os maus tratos sofridos pelo pai por parte da viúva, como o aumento de suas feridas causadas pela diabetes.

Se interditado, a fortuna de Renné passaria a ser gerida por Renata. A vendedora já havia deposto no Ministério Público de Rio Bonito, no dia do enterro do pai. O advogado de Adriana, Alexandre Dumans, diz que não pode confirmar se houva tais ameaças porque desconhece o episódio e afirma que nunca conversou com sua cliente sobre o assunto.

De acordo com as investigações, foi justamente a partir de novembro que Adriana passou a ter contatos mais freqüentes com Anderson Sousa, ex-segurança também preso suspeito de envolvimento no crime. Segundo a polícia, ele seria o ator dos disparos que matou Renné.

Milionário pediu ajuda da filha antes de morrer

Ainda segundo o depoimento de Renata, o pai havia lhe telefonado no dia 4 de janeiro, depois da briga em que Adriana saiu de casa, pedindo que ela fosse encontrá-lo, porque, de acordo com ela, "ele viu Adriana fazer uma coisa que nunca achava que ela fosse capaz".

No dia seguinte, na véspera de seu assassinato, Renata ligou para Renné para marcar o encontro e ele lhe pediu, então, que não fosse, porque Adriana havia voltado para casa e não iria gostar de vê-la. Desconfiada, ela apareceu na mansão na manhã de domingo, mas quando chegou lá recebeu a notícia da morte do pai.

Segurança da fazenda complica situação de ex-colegas presos

Também foi ouvido, pela terceira vez, o segurança do ex-lavrador Valcinei da Silva Conceição. O novo depoimento trouxe novas contradições e complicou a situação dos ex-colegas de trabalho Anderson Sousa, Ronaldo Amaral de Oliveira, também conhecido como China, e Ednei Gonçalves Pereira, que já estão presos. Pela declarações, não só o inquérito que apura a morte de Renné, mas também a que investiga a morte do homem de confiança do milionário David Vilhena, mostrando que os ex-seguranças tinham alguma ingerência no que acontecia na mansão mesmo depois de terem sido demitidos.

"O depoimento dele foi bastante contraditório e complica não só a situação de Sousa e China nos dois inquéritos, principalmente na morte de David", pondera o delegado Ricardo Barboza.

David morreu numa emboscada quando saía para trabalhar, depois de receber um telefonema que pedia que ele chegasse mais cedo na fazenda do ganhador da Mega-Sena. Depois de ter negado que tivesse feito o pedido, Valcinei agora diz que precisava de fato ser rendido antes do horário normal pelo colega.

De acordo com ele, foi Ronaldo quem lhe telefonou dizendo que acreditava que um corpo encontrado na Ilha do Governador era de David. Horas depois, Ednei confirmou a notícia e lhe deu as coordenadas do enterro. Sem saber se deveria ir trabalhar ou não, Valcinei ligou para Anderson, já desligado do trabalho, para perguntar de sua escala de serviço.

Anderson, Ednei e Ronaldo foram demitidos quatro dias antes depois que David denunciou um plano para seqüestrar a filha de Adriana. Ele chegou a denunciar os seguranças, que eram policiais, à corregedoria e o ex-Pm Anderson por ainda se fazer passar como tal.

"Se eles haviam sido demitidos nas condições que foram, porque ele tinha que se reportar ou pedir ajuda a eles sobre qualquer coisa na fazenda?", questiona o delegado.

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