Filho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) é um dos principais defensores no partido de uma aliança a favor da candidatura do ex-tucano Gustavo Fruet (PDT) para prefeito de Curitiba. Segundo ele, não há mágoas sobre a participação de Fruet como subrelator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, que em 2005 investigou o mensalão e foi decisiva para a derrocada política do pai. "Isso é da natureza da vida pública, da política", diz o parlamentar.
Aos 33 anos, Zeca Dirceu já foi eleito duas vezes prefeito de Cruzeiro do Oeste, na região Oeste do Paraná, e cumpre o primeiro mandato na Câmara. O posicionamento do deputado, que também é secretário estadual de Assuntos Institucionais do PT, é um dos símbolos da decisão que os petistas curitibanos vão tomar neste domingo entre apoiar Fruet e ter candidatura própria.
Por que a aliança com Gustavo Fruet (PDT) é, na sua opinião, a melhor opção para o PT em Curitiba?
Como em qualquer cidade em qualquer canto do país, o ideal seria uma candidatura própria do partido. Agora, isso tem que ser combinado com o cidadão, com o eleitor. É algo que precisa ser construído ao longo dos anos. Por mais que o PT de Curitiba tenha lideranças de valor, como Tadeu Veneri, Dr. Rosinha, Angelo Vanhoni e tantos outros, os eleitores hoje não os veem como candidatos com uma aceitação, uma aprovação grande para disputar a eleição. Quem tem aparecido na frente nas pesquisas são outros candidatos, que não são do PT. Então o partido acaba indo para a opção da aliança. O PDT se tornou um parceiro importante no Paraná, desde que o Osmar Dias concorreu a governador em 2010. Por isso é natural essa aliança. É claro que o Gustavo Fruet foi para o PDT não faz muito tempo... Mas veio conosco, se comprometeu. É uma liderança política, que por mais que tenha estado em alguns momentos em um lado oposto ao nosso, ficou marcado por cumprir a palavra. Foi inclusive injustiçado e penalizado algumas vezes por isso no seu partido de origem, o PSDB. É alguém em quem podemos confiar. E que também tem um alto carisma com a população de Curitiba. Ele tem todos os predicados para ganhar a eleição e fez um compromisso de aplicar políticas públicas que o PT defende.
Fruet foi subrelator da CPI dos Correios, que investigou o mensalão e que de alguma forma contribuiu para a cassação do mandato de deputado federal do seu pai, José Dirceu. Sobraram rusgas desse episódio?
Não guardamos mágoa nenhuma. Zero.
Tanto o senhor quanto seu pai?
Olha, não posso falar pelo meu pai. Só posso falar por mim. Como o senhor particularmente avalia a atuação dele [Fruet] na CPI dos Correios?
Nós tínhamos opiniões naquele momento diferentes. Mas não ficou nenhuma mágoa. Isso é da natureza da vida pública, da política. Convivo com isso em várias outras situações.
É correto o raciocínio de que, se o senhor não guarda mágoas sobre o episódio, não há motivos para o restante da militância petista no Paraná guardar?
A avaliação que eu tenho é de que não há por parte das nossas lideranças políticas em Curitiba, a não ser por raras exceções, pouquíssimas, nenhum tipo de restrição ao Gustavo Fruet. O que existe numa proporção maior e que eu acho legítimo são filiados que querem ter uma candidatura própria, que acham que isso é mais importante para fortalecer o partido localmente. Eles não têm uma visão tão ampla quanto a nossa, de não pensar o partido só neste momento. Nós estamos pensando no que aconteceu em 2010 e no que vai acontecer em 2014. Nós temos a responsabilidade maior de governar o país e a obrigação de, um dia, governar o estado. Certas lideranças acabam não entendendo isso como sendo a melhor estratégia. Nossas diferenças são mais por concepção de aliança do que por uma questão pessoal em relação ao Gustavo Fruet.
O senhor chegou a trocar alguma ideia com seu pai sobre essa aliança? O que ele pensa?
Não tivemos nenhuma conversa que aprofundasse esse assunto. Eu tenho conversado muito com as pessoas do PT do Paraná e conversei algumas vezes com o Gustavo Fruet.
A eleição municipal deste ano é fundamental para uma possível candidatura da ministra Gleisi Hoffmann à sucessão estadual em 2014?
É e sempre foi. Uma eleição é resultado da outra. É histórico no Brasil.
Há petistas que dizem que a nova CPI sobre os contatos políticos do bicheiro Carlinhos Cachoeira pode servir para elucidar interesses políticos por trás das denúncias do mensalão. O senhor concorda?
Concordo plenamente e os fatos estão demonstrando isso. Eu defendo no Congresso de que isso não seja prioridade da nossa pauta. Não é correto a gente se ocupar demasiadamente com esse tipo de coisa porque isso não melhora a vida do cidadão. Seria muito mais interessante nos dedicarmos à reforma política do que a uma CPI.
Então, na sua opinião, não deve haver uma CPI sobre o caso Carlinhos Cachoeira?
Acho que deve. Só vejo que não podemos gastar energia demasiada nisso e achar que é isso que vai solucionar os problemas do país.
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