Abuso sexual
Artigo de ex-petista causa "tristeza"
Agência Estado
São Paulo - Um artigo do cientista político César Benjamin, publicado ontem pelo jornal Folha de S.Paulo, causou forte revolta no governo federal. Benjamin, que ajudou a fundar o PT mas que se afastou do partido em 1995, afirmou que o presidente Lula tentou abusar sexualmente de um colega de cela quando esteve preso pela ditadura militar, em 1980. No artigo, Benjamin narra o que teria sido uma conversa dele com Lula em 1994. Segundo o ex-petista, Lula contou que não teria conseguido manter relações sexuais com o colega de detenção. Procurados pela reportagem, pessoas que estiveram na mesma cela de Lula em 1980 negaram o relato. O chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, disse que o presidente ficou "triste" ao ler o artigo e afirmou que aquilo era "loucura". Carvalho ainda criticou a postura do jornal em publicar o relato.
São Paulo - Alvos principais dos produtores do filme Lula, o Filho do Brasil, as centrais sindicais preparam pré-estreias particulares como parte da ação de divulgação da cinebiografia sobre os primeiros 35 anos da vida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e União Geral dos Trabalhadores(UGT) farão sessões fechadas para filiados antes do filme começar a ser exibido no circuito comercial, em janeiro.
As sessões exclusivas começam na quinta-feira e serão exibidas para cerca de 2 mil sindicalistas. As três maiores centrais, que representam cerca de 10 milhões de trabalhadores, são peças-chave na divulgação do longa. Os produtores calcaram nos sindicatos a estratégia para levar 10 milhões de pessoas ao cinema. Sindicalistas podem obter ingresso pelo preço simbólico de R$ 5, graças a acordo entre produtores e exibidores, como o grupo Severiano Ribeiro e Cinemark.
Sob forte ataque da oposição, o filme terá pré-estreia hoje na cidade de São Bernardo do Campo, com presença de Lula, ministros e familiares. A maior parte do público, no entanto, será de metalúrgicos de sindicatos da região do ABC. Das 2.100 pessoas convidadas para a sessão nos antigos estúdios Vera Cruz, 1.100 são ou foram da categoria. Oficialmente, é a primeira vez que Lula assiste ao longa.
A oposição alega que as patrocinadoras do filme, que custou R$ 16 milhões, têm interesse em contratos com o governo. Entre as empresas estão as construtoras OAS, Odebrecht e Camargo Corrêa e a operadora de telefonia Oi. Todas as empresas optaram por patrocinar o filme sem os benefícios de renúncia fiscal previstos na Lei Rouanet, principal mecanismo de financiamento do cinema atualmente.
A pré-estreia também contará com dinheiro privado. Três empresas bancarão o evento sob alegação de se tratar de ações de marketing. O estúdio Vera Cruz foi transformado em cinema com cadeiras, tela e sistema acústico. A Prefeitura de São Bernardo do Campo, administrada pelo petista Luiz Marinho e organizadora da exibição, não divulgou o custo do evento.
Microlins, uma rede que atua no mercado de cursos profissionalizantes que nunca apoiou uma pré-estreia, não quis divulgar quanto doou. "Por maior que fosse o investimento não seria possível mensurar o tamanho do retorno", afirmou por meio de sua assessoria. A empresa já recebeu recursos do governo federal por parcerias com ministérios em concursos públicos. A Embelleze, empresa de cosméticos, também não quis divulgar o patrocínio. "A Embelleze tem como estratégia apoio em projetos sobre a realidade da vida dos brasileiros e a valorização da mulher guerreira", limitou-se a informar a empresa.
Para a oposição, o filme traz benefícios eleitorais para a candidata do governo, a ministra Dilma Rousseff. Depois do Natal, começa divulgação do longa em rádio e TV. Serão exibidos comerciais de 30 segundos. Em março, haverá estreia internacional na Argentina, Paraguai e Uruguai.
"Empresas que recebem bilhões do governo bancando o filme. Fora o objetivo eleitoreiro", criticou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). Advogados do PSDB estudam que medida poderá ser tomada. O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado, já pediu informações aos ministérios sobre os contratos das patrocinadoras com o governo.
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