O candidato à reeleição Beto Richa (PSDB) só vai divulgar quem são seus doadores de campanha após a eleição. Mas o mandato de Richa que está chegando ao fim ilustra como os financiadores se relacionam com o poder público. Vários doadores da campanha do prefeito em 2004 têm relação com a prefeitura, sejam empresas que prestam serviços ao poder público ou mesmo funcionários da administração municipal.
A empresa Iasin Sinalização Ltda., por exemplo, foi doadora da campanha do tucano. E fez negócios com a prefeitura no período, no valor de R$ 1,4 milhão. A empresa forneceu ao município placas de sinalização turística para eventos da ONU, em 2006, que custaram R$ 9 mil cada uma. Na época, o alto valor das placas causou polêmica.
Sobre o episódio, a prefeitura alega que, segundo o Ministério Público Estadual, a Inspetoria do Tribunal de Contas da União (TCU) no Paraná e uma auditoria do próprio município, não houve sobrevalorização no valor das placas.
Outra empresa que doou à última campanha de Richa e presta serviço à prefeitura é a Camargo Corrêa, escolhida por meio de licitação para executar, em parceria com outras empreiteiras, a primeira fase da Linha Verde. A Camargo Corrêa também é proprietária da Cavo, empresa que tem o contrato de coleta do lixo de Curitiba.
Na época, lideranças da oposição chegaram a pedir a abertura de uma investigação criminal contra a prefeitura pela prorrogação do contrato temporário firmado com a Cavo, sem a realização de licitação, em 2005. A prefeitura esclareceu que o Tribunal de Justiça autorizou a prefeitura a firmar o contrato emergencial com a empresa Cavo porque a não-continuidade do serviço poderia gerar problemas à saúde pública.
A Brafer Construções Metálicas, que doou R$ 120 mil para Richa em 2004, foi a empresa responsável pela reforma da Ópera de Arame, em 2006. A Risotolândia Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. é outra doadora que presta serviço à prefeitura, de fornecimento de refeições. O contrato entre a Risotolândia e a prefeitura foi alvo de uma investigação determinada pelo TCU por suspeita de superfaturamento, em 2001, na gestão Cassio Taniguchi.
A prefeitura sustenta que as denúncias contra a Risotolândia foram arquivadas em 2007 diante da constatação de que não houve irregularidade. A licitação para a contratação da empresa foi feita em 2003, com assinatura de contrato em 2004, quando o prefeito ainda não era Richa. O contrato com a empresa se encerra em 2009.
Outros grandes financiadores de Richa em 2004 foram pessoas da família de sua esposa, Fernanda. O irmãos dela, Avelino Antônio Vieira Neto e Francisco José Bernardi Vieira, doaram juntos R$ 202 mil. Entre as pessoas físicas que doaram para Richa em 2004 está ainda Janaína Lopes Gehr, que hoje é administradora da regional da Boa Vista. Já Fernando Mauro Nascimento Guedes (administrador da regional da Fazendinha/Portão) doou dinheiro para Beto na eleição de 2002, quando ele concorria ao governo estadual.
Sem relação
A assessoria de imprensa da campanha de Richa informou que a relação dos doadores da campanha de 2008 será entregue à Justiça Eleitoral no prazo determinado por lei. A assessoria alega que os financiadores normalmente doam para vários candidatos e que não há relação alguma entre a campanha e a prefeitura. Segundo a assessoria, as empresas doadoras participaram de licitação em que venceu a melhor.
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