O “Financial Times” diz que o tratamento dado a acusados de corrupção no Brasil se diferencia de outros países emergentes, como Rússia, China ou Venezuela, “que atingiu níveis espetaculares de corrupção”.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O jornal britânico “Financial Times” elogiou nesta sexta-feira (4) a Operação Lava Jato e criticou a aceitação do pedido de impeachment. A publicação, que disse que as notícias recentes do Brasil são “de tirar o fôlego”, afirmou que a ação anticorrupção em andamento no país é “exemplar”.

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O texto do jornal citou a aceitação do pedido de impeachment da presidente Dilma, atribuindo o início dos procedimentos como atos de “políticos rivais tentando salvar a própria pele em meio ao escândalo de corrupção.”

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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que aceitou o pedido de impeachment, é descrito como um operador político habilidoso. “Cunha foi acusado de esconder milhões de dólares de propina em contas na Suíça”, explicou o texto. “Ele achava que o partido da situação, o PT, iria protegê-lo. Quando isso não aconteceu, ele deu início à tramitação do impeachment, justificando que tratava-se de uma questão ‘técnica’“, acrescentou o jornal.

Ao comentar prisões do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e do banqueiro André Esteves, o “Financial Times” diz que o tratamento dado a acusados de corrupção se diferencia de outros países emergentes, como Rússia, China ou Venezuela, “que atingiu níveis espetaculares de corrupção”.

O texto ressalta, porém, que o impeachment de Fernando Collor, em 1992, não conseguiu fazer o país deixar a corrupção de lado e que a operação que serviu de inspiração à Lava Jato, a Mãos Limpas, da Itália, criou a “falsa expectativa de que juízes podem renovar a política”.

Por fim, a publicação afirmou que a tramitação do impeachment só irá distrair Brasília mais ainda da economia, problema mais sério do país. “Mas, em meio à tristeza e à melancolia crescentes, há mudanças encorajadoras, até mesmo exemplares”.