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Conversa interceptada pela PF na operação Carne Fraca flagrou diálogo suspeito entre executivos da BRF. | Jonathan Campos/Gazeta do  Povo
Conversa interceptada pela PF na operação Carne Fraca flagrou diálogo suspeito entre executivos da BRF.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Em diálogos interceptados pela Operação Carne Fraca, executivos da BRF revelam que o chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal em Goiás (Sipoa-GO), Dinis Lourenço da Silva, tinha de “dar resultado” para a bancada do PDT. Dinis teria pedido doações da empresa durante as eleições municipais de 2016 em troca da liberação de funcionamento da planta de Mineiros (GO), apesar de uma auditoria do Ministério da Agricultura ter pedido a suspensão da habilitação.

Em uma conversa às 22h23 do dia 2 de maio de 2015, o gerente de relações institucionais e governamentais da BRF, Roney Nogueira dos Santos, relatou ao diretor da BRF para o Centro-Oeste, André Baldisserra, que Dinis havia prometido “matar no peito” e não encaminhar para Brasília o resultado da auditoria que havia determinado a suspensão da planta. Em troca, informou Roney, Dinis teria pedido apoio da empresa para candidatos do PDT nas eleições de 2016 e até R$ 300 mil para um homem que seria responsável por manter Dinis em Goiânia.

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“O que eles vão propor é suspender a certificação, só, e vão dar 15 dias, 15 ou 20, pra BRF preparar, ali, atender os planos de ação e fazer uma nova supervisão pra voltar à exportação”, disse Roney a André. Após a conversa sobre a punição alternativa, André comemora o fato de que vão conseguir evitar a suspensão da habilitação da planta, que produz para exportação.

Roney, Dinis e André tiveram a prisão preventiva decretada na semana passada pelo juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14.ª Vara Federal de Curitiba. Para o magistrado, as investigações apontam que Dinis “regularmente se envolve com práticas criminosas”. “Viabilizou a manutenção em funcionamento de Unidade da BRF em Mineiros/GO cuja indicação era de suspensão de atividades”, diz Josegrei, na decisão que deflagrou a Carne Fraca.

Há suspeitas de que parte da propina abastecia o PP e o PMDB

Dinis era um dos servidores que liberavam plantas de produção de carne em troca de propina. A investigação, que começou com o depoimento de um fiscal do Paraná que estava sendo punido por não atuar no esquema, apontou que irregularidades nas superintendências do Mapa no Paraná, em Goiás e em Minas Gerais. Na sexta-feira, a PF informou que há suspeitas de que parte da propina paga aos fiscais e servidores abastecia o PP e o PMDB.

A reportagem entrou em contato com os diretórios nacional e de Goiás do PDT, mas não obteve resposta. A defesa de Dinis Lourenço da Silva não foi localizada. A BRF informa que está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos relativos à Operação Carne Fraca. A empresa diz ainda que não compactuar com práticas ilícitas.

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