Relatório divulgado ontem pela Controladoria-Geral da União (CGU) afirma que os convênios e contratos do Ministério do Turismo com organizações não governamentais (ONGs) podem ter causado prejuízos de R$ 67 milhões aos cofres públicos. Entre os convênios em que a CGU confirmou haver indícios de irregularidades estão dois firmados com uma instituição do Paraná.
Segundo o relatório, o repasse de R$ 5,05 milhões à Sociedade Evangélica Beneficente (SEB) teria surgido de uma situação irregular, já que a ONG tinha em sua diretoria o próprio deputado que apresentou a emenda solicitando os recursos o peemedebista André Zacharow e a sua esposa.
Os convênios foram firmados para a qualificação de profissionais de turismo. Outras irregularidades apontadas pela CGU incluem o fato de o ministério não ter se certificado sobre a capacitação da ONG (que não é especializada em turismo); e a inconsistência no cadastro de profissionais qualificados.
O ministério procurou as pessoas que, segundo a ONG, teriam recebido o treinamento. Em três casos, ouviu dos entrevistados que eles não receberam a capacitação. A CGU também afirmou que foi impossível localizar a maior parte (71,9%) dos 57 profissionais procurados como amostra. Isso indica, segundo o relatório, a má qualidade do registro das atividades.
A reportagem tentou contato com o deputado André Zacharow por telefone para comentar o relatório, mas não conseguiu encontrá-lo.
Levantamento
A CGU vistoriou 54 convênios e cinco contratos do Turismo. O levantamento foi feito em acordos fechados com entidades que receberam recursos do Programa Bem Receber Copa, voltado à qualificação de trabalhadores para o maior evento esportivo do planeta, marcado para 2014, além de programas de promoção turística.
De acordo com os auditores, a análise da documentação apontou a existência de R$ 67.057.540,48 "não justificados". "Esse valor, que representa o possível prejuízo, poderá sofrer variação a partir de esclarecimentos a serem apresentados pelo Ministério do Turismo, após analisar prestações de contas pendentes e corrigir inconsistências observadas em suas bases de dados", informou a CGU. Ao todo, os documentos analisados representam um total de R$ 281,8 milhões fiscalizados.
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