Foco da Operação Lava Jato desde 2014, a Petrobras vai continuar na mira da força-tarefa em 2016. Neste ano, as investigações devem se concentrar na área internacional da estatal, incluindo a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
A controversa aquisição coloca no centro do escândalo da Petrobras a presidente Dilma Rousseff (PT), que comandava o Conselho de Administração da Petrobras na época da compra. Apesar de não poder ser investigada pela PF do Paraná, Dilma pode sofrer ainda mais com os impactos políticos das investigações.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Marcio Anselmo, integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, a área internacional da estatal deve ser bastante explorada neste ano.
Nesse ponto, as colaborações premiadas do lobista Fernando Soares e do ex-diretor Nestor Cerveró devem dar um novo fôlego às investigações.
Os depoimentos dos dois colaboradores também devem aumentar ainda mais a tensão política. Em suas delações, Fernando Soares citou os nomes do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) − preso por ordem do STF por tentar atrapalhar as investigações.
Soares afirmou ter pago propina aos senadores no contrato de fretamento do navio-sonda Petrobras 10.000.
De acordo com a delação premiada, o petista e o peemedebista teriam dividido US$ 6 milhões com Jader Barbalho (PMDB-PA) e o então ministro das Minas e Energia Silas Rondeau − afilhado do PMDB do Senado no cargo.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também aparece nas delações do lobista. Soares afirma ter pago pelo menos US$ 5 milhões em propina no exterior a Cunha por contratos na área internacional da Petrobras.
Expectativa é de que surjam nomes de mais envolvidos
Este ano também deve trazer novos personagens para a Lava Jato. As colaborações premiadas dos executivos da Camargo Correa, por exemplo, ainda não vieram 100% a público e podem trazer novos participantes do esquema. O delegado Marcio Anselmo também não descarta a investigação de novos atores no processo de corrupção descoberto na Lava Jato. “Sempre surgem personagens para montar o quebra-cabeça.”
Anselmo afirma que além da Petrobras as investigações também devem avançar para a Caixa Econômica Federal, Ministério da Saúde e Ministério do Planejamento. Outras investigações pontuais devem envolver o BNDES e os Fundos de Pensão.
De acordo com Anselmo, 2015 foi um ano mais intenso para a Lava Jato. “Teoricamente, 2015 foi mais puxado. Em 2014 a gente fechou com sete fases e, no ano passado, chegamos na 21.ª”, avalia. Para ele, a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) foi o que marcou o ano da operação. “O mais legal foi ver que os tribunais entraram para valer na operação. Ninguém esperava o Supremo decretando prisão de senador.”
Segundo o delegado, a Lava Jato ainda pode guardar muitas surpresas para as próximas fases. “O legal da Lava Jato é que sempre acontece algo que você consegue se surpreender. A gente achava que a 7.ª fase era o limite”, brinca. Foi na 7.ª fase da operação, em novembro de 2014, que foram presos executivos das maiores empreiteiras do país. (KK)
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