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José Dirceu: recolhido no interior de São Paulo, ex-ministro tem recebido visitas de diversas personalidades do país | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
José Dirceu: recolhido no interior de São Paulo, ex-ministro tem recebido visitas de diversas personalidades do país| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Véspera

Ministro Cezar Peluso desconversa sobre antecipação do voto

Folhapress

Na véspera do começo de sua participação no julgamento do mensalão, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cezar Peluso desconversou sobre a abrangência de seu voto.

"Amanhã [hoje] vocês verão", afirmou. "Não estraguem a surpresa", completou, brincando com jornalistas.

Como Peluso irá se aposentar compulsoriamente no dia 3, quando completa 70 anos, só deverá ter tempo hábil para votar no item do julgamento que trata de desvio de dinheiro público.

Esse é o primeiro dos sete itens estabelecidos no cronograma do relator do caso, Joaquim Barbosa, segundo o qual todo o julgamento será concluído em setembro.

Ministros ouvidos pela reportagem disseram que não há clima no Supremo para a antecipação integral do voto de Peluso e que o adiantamento do voto geraria reação muito dura, principalmente do revisor Ricardo Lewandowski e de Marco Aurélio Mello.

Revisor

Lewandowski, aliás, evitou ontem avaliar a divergência do julgamento em relação às denúncias contra o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), mas não perdeu a oportunidade de alfinetar o relator Joaquim Barbosa. "O ministro Joaquim Barbosa proferiu um voto denso e profundo, e acho normal que ele queira defender o ponto de vista dele. Não é usual, mas é legítimo que alguém defenda o seu ponto de vista", afirmou.

Questionado se ficou surpreso com o posicionamento de alguns colegas sobre o caso do petista, Lewandowski desconversou. "Cada cabeça uma sentença, diz o provérbio popular. Cada um tem um modo particular de examinar o julgo probatório e tem de ser respeitado. O resultado vai ser um somatório de forças no plenário", disse.

  • Cezar Peluso:

Um dos principais réus do mensalão, o ex-ministro José Dirceu tem se reunido semanalmente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os encontros tem ocorrido na casa do ex-presidente, em São Bernardo do Campo, ou no Instituto Lula, em São Paulo. Em pauta, não só o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), mas a situação eleitoral do PT neste ano, principalmente nas cidades escolhidas como prioritárias pelo partido, como São Paulo, Recife e Belo Horizonte.

Desde que começou o julgamento, Dirceu tem passado a maior parte do tempo em sua casa em Vinhedo, no interior de São Paulo, mas retorna semanalmente à capital paulista. Embora tenha se recolhido, tem conversado e se encontrado com diversas personalidades do país, como o ex-presidente da Vale Roger Agnelli, o escritor Fernando Morais e o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pe­­dro Stédile.

"Quando o visitei, há umas três semanas, ele estava esticado em uma poltrona assistindo ao filme do Tintin. Não é exatamente a imagem de quem esteja preocupado", contou Fernando Morais.

Dirceu também tem conversado por telefone com o cineasta Luís Carlos Barreto e com o escritor Paulo Coelho, que está fora do Brasil. Seu amigo "desde antes do mensalão", Barreto ficou na casa de Dirceu há pouco mais de uma semana, por dois dias, e faz uma severa defesa do ex-ministro: "Eu só faço uma pergunta, se valeu a pena ter participado das lutas que participou e arriscado sua vida [durante o regime militar]. São considerações que eu faço, mas ele não mostra nenhum arrependimento desse passado e tem tanta certeza dos atos que não cometeu que sequer renunciou ao mandato na Câmara", diz Barreto.

Outra visita recebida em Vinhedo foi a do embaixador venezuelano no Brasil, Maximilien Arveláiz. Ele, Stédile e Morais foram recebidos juntos em um almoço: "Nem tocamos no assunto do julgamento", disse Morais, que, até 2005, estava preparado para escrever a biografia de Dirceu, mas suspendeu o projeto diante do escândalo do mensalão.

Consultoria

O ex-ministro se afastou do trabalho de consultoria de empresas para acompanhar o processo no STF. A ideia inicial era interromper o serviço até o fim do julgamento, mas como o caso tem se estendido, Dirceu pode reavaliar o retorno. O ex-ministro mantém negócios no Brasil, em Portugal e em Cuba, entre outros países. No entanto, segundo sua assessoria, não deve viajar ao exterior até que seja julgado.

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