Primeiro presidente eleito pelo voto direto no Brasil após o regime militar, Fernando Collor de Mello afirmou à Globo News, na segunda entrevista da série "Profissão:ex-presidente", exibida na noite desta terça-feira (11), que, ao deixar a Presidência, em 1992, foi como se o mundo tivesse "desabado". Collor deixou o cargo diante de uma série de escândalos de corrupção.

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"Você, de um presidente eleito pelo voto popular, de um momento para outro, se ver afastado do poder da maneira como eu fui, muito mais que traumático, foi algo como se o mundo tivesse desabado sobre as minhas costas. Foi um período muito difícil. Foi uma travessia longa, penosa, dolorosa", afirmou ao jornalista Carlos Monforte.

Collor, que é senador (PTB-AL), disse que não tinha previsão de voltar ao cenário político após deixar a Presidência, mas a pressão feita por algumas pessoas teriam auxiliado na decisão: " Você dorme com aquilo na cabeça e no dia seguinte, quando acorda, diz: "Vou ser candidato"", contou o ex-presidente.

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Segundo Collor, o dia de maior tristeza da sua vida foi quando ele deixou o Palácio do Planalto, em 1992.

O ex-presidente contou que pediu ao piloto que o levava para a Casa da Dinda para sobrevoar uma escola de educação infantil na cidade de Santa Maria (DF), mas o piloto disse que não poderia fazer a alteração na rota por falta de combustível.

"Eu continuava presidente, mas afastado temporariamente das funções. Mas quando ele disse isso, eu falei: 'Esse aí, seguramente, tem certeza que eu não volto, porque se eu voltar ...'", disse.

Para o ex-presidente, seu maior erro durante o período em que esteve na Presidência foi a falta de integração com o Congresso. " A falta de integração minha com o Congresso foi realmente o ponto fulcral para que, o que eu digo, o golpe parlamentar pudesse ter sido efetivado nos idos de 92."