Número de aparentados contratados caiu, mas a prática permanece. Veja no gráfico| Foto:

"Clãs" receberam R$ 6,8 mi em 5 anos

As nomeações do deputado Nelson Justus (DEM) na legislatura passada de 20 parentes de seu chefe de gabinete, Sérgio Roberto Monteiro, e de outros 12 familiares do assessor Luís Alexandre Barbosa, custaram caro aos cofres públicos. Documentos obtidos pela Gazeta do Povo e pela RPC TV mostram que as duas redes familiares, nos últimos cinco anos, receberam da Assembleia R$ 6,8 milhões (valor líquido) em salários. As duas famílias tiravam, juntas, cerca de R$ 100 mil por mês em remuneração paga pelo Legislativo.

Nos últimos cinco anos, Monteiro teve salários entre R$ 5 mil e R$ 21 mil (valores líquidos). Barbosa recebia em média R$ 9,5 mil líquido em vencimentos. Os parentes tinham um salário menor – média de R$ 6,3 mil mensais. A média de salário de Geri Borrin, cunhado de Mon­­teiro, por exemplo, era de R$ 12 mil mensais (líquido). Mas ele chegou a receber R$ 18,8 mil (líquido) em junho de 2008 e R$ 23 mil (valor líquido) em dezembro do ano seguinte.

Apesar do volume de dinheiro público despendido para familiares dos assessores, o deputado Nelson Justus disse na época que sabia da rede de parentes montada por Sérgio Monteiro e afirmou achar isso "perfeitamente normal". (KK e KB)

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Justus, em foto do ano passado, na cadeira da presidência da Assembleia: sem o cargo, 15 servidores a menos
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O deputado estadual Nelson Justus (DEM), ex-presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, mantém pequenos "feudos familiares" no seu gabinete parlamentar, de acordo com a mais recente lista de funcionários da Casa, divulgada na quarta-feira. Os dois principais assessores de Justus, Sérgio Roberto Monteiro e Luís Alexandre Barbosa, têm quatro parentes lotados no gabinete do deputado. Apesar disso, a saída de Justus da presidência do Legislativo, no início do mês passado, representou para o deputado uma perda considerável na quantidade de aparentados nomeados. A rede familiar dos dois assessores chegou a ser, enquanto ele comandava o Legislativo, de 32 parentes contratados pelo deputado para seu gabinete ou para a presidência da Casa.

Até 2010, quando era presidente do Legislativo, Justus podia nomear até 38 servidores. Agora, restam para ele 23 servidores para seu gabinete – seis deles de apenas duas famílias, os Monteiro e os Barbosa.

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Além dos servidores do gabinete, Justus tentou nomear mais 12 funcionários como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia, cargo para o qual foi escolhido na semana passada. Mas, como havia um acordo entre líderes partidários para que cada comissão tivesse direito a apenas dois servidores comissionados, o atual presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB), revogou as nomeações de Justus na CCJ. Nenhum dos funcionários que haviam sido indicados pelo deputado do DEM para a comissão fazia parte da rede de aparentados que ele mantinha na legislatura passada.

Comissionado-empresário

Um dos mantidos no cargo é o empresário Antônio Wilson Camargo Júnior – servidor comissionado que havia admitido, em abril do ano passado, que não dava expediente na Assembleia. A Gazeta do Povo e a RPC TV mostraram, em uma das reportagens da série Diários Secretos, que mesmo tendo um cargo na presidência, na gestão de Justus, Camargo Júnior administrava uma loja de locação de brinquedos infantis em Curitiba. Ele disse isso sem saber que estava sendo gravado. "Segunda e ter­­ça [-feira] eu faço correria de banco, pagamento, que o nosso movimento é no final de semana. Daí, no resto da semana, eu fico aqui [na empresa] direto. Não saio para nada", contou o empresário.

Documentos obtidos pela reportagem revelam que Camargo Júnior recebeu em média R$ 8 mil líquido por mês entre os anos de 2007 e 2009. O atual vencimento está bem aquém do que Camargo Júnior recebia. O empresário agora recebe R$ 1,8 mil mensais da Assembleia.

Camargo Júnior é cunhado de Luís Alexandre Barbosa, que hoje tem um salário inicial de R$ 4 mil, podendo chegar até R$ 15 mil com gratificações. Entre os anos de 2007 e 2010, Barbosa recebia cerca de R$ 9,5 mil líquido em vencimentos– valor muito próximo ao que ganhava na época um deputado estadual.

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A proximidade de Barbosa com Justus é tanta que estão lotados no gabinete do ex-presidente o pai dele, Luís Carlos Barbosa; o sócio Edson Artur Borrin e a esposa, Fabiana Manzini Borrin. No ano passado, Luís Alexandre Barbosa e Edson Artur Borrin eram sócios da Borrin e Barbosa Ltda, loja de venda de veículos novos e usados. Além de sócio de Barbosa, Edson Borrin é cunhado de Sérgio Monteiro, chefe de gabinete de Justus.

A reportagem da Gazeta do Povo procurou Justus, por telefone, no gabinete do parlamentar na Assembleia para comentar o assunto. A informação repassada foi de que o deputado não estava no Legislativo e que os assessores estavam em reunião e retornariam a ligação. Mas isso não ocorreu até o fechamento desta edição.