Foragido da Operação Turbulência, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (21), Paulo Cesar de Barros Morato foi encontrado morto nesta quarta-feira (22), em um motel em Olinda, região metropolitana do Recife. A Polícia Civil investiga o caso, que só será repassado à Polícia Federal caso seja encontrada alguma relação entre a morte e a operação. A informação foi confirmada à Coluna do Estadão por fontes dentro das investigações.
A Turbulência apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro que teria beneficiado as campanhas de Eduardo Campos para governador de Pernambuco, em 2010, e à Presidência da República, em 2014.
A Polícia Federal chegou ao suposto esquema após investigações sobre a compra do avião que caiu matando Campos em agosto de 2014. A PF de Pernambuco e Goiás apreendeu uma lista de bens e rastreou dezenas de milhões de reais nas contas bancárias vinculadas aos cinco empresários que tiveram mandado de prisão preventiva concedido pela Justiça - quatro estavam presos e Morato estava foragido. Seu advogado havia garantido que ele se apresentaria à polícia, mas não tinha precisado uma data.
Um vídeo divulgado pela corporação, no momento das apreensões, mostra carros de luxo -foram oito apreendidos-, além de duas lanchas, dois helicópteros e até um avião. Entre outros itens apreendidos estão 45 relógios, quatro armas, além de US$ 10 mil em espécie que estavam em poder de um dos detidos no momento da prisão.
Ao todo, as apreensões de João Carlos Lyra Pessoa de Mello, Eduardo Leite, Apolo Santana, Arthur Lapa Rosal e Paulo Cesar de Barros Morato somam, juntos, R$ 42,4 milhões.
Embora Morato não constasse no quadro societário da empresa Câmara & Vasconcelos, envolvida na compra do avião, ele é o real proprietário da empresa, de acordo com a PF.
Com a ajuda do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), os investigadores identificaram que Paulo Cesar tinha em seu poder R$ 24,5 milhões. Os outros quatro investigados reuniam R$ 17 milhões. Ao todo, 18 contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas foram rastreadas.
A partir do acidente, a PF começou a investigar a aquisição da aeronave. Com o auxílio de informações já levantadas na Lava Jato, a PF reuniu fortes indícios de que a Câmara & Vasconcelos tinha papel central em um suposto esquema de lavagem de dinheiro para irrigar com propina as campanhas eleitorais do PSB em 2010, quando Eduardo se reelegeu governador, e 2014, quando ele disputou na chapa com Marina Silva a Presidência da República.