A força-tarefa da Operação Lava Jato em Brasília ganhou reforço para o trabalho em 2016. Foram recrutados mais delegados e agentes da Polícia Federal, pensando em adiantar ao máximo as investigações de políticos com prerrogativa de foro, já que a partir do segundo semestre o efetivo de policiais deve diminuir em função da Olimpíada do Rio.
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O delegado da PF em Curitiba, Igor Romário de Paula, que integra a força-tarefa no Paraná, diz que é natural que o ritmo em Brasília seja mais lento, já que as investigações são mais complicadas, por envolver políticos com mandato. “É natural que eles andem mais devagar, porque a forma de tramitação é diferente”, explica. “Nós podemos chegar a um ponto em que os principais investigados no caso relacionado à Petrobras tenham condenação em primeiro grau e a gente não tenha nenhuma nos tribunais superiores”, diz o delegado paranaense.
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Apesar disso, Igor de Paula diz que há uma grande expectativa em relação à tramitação dos casos no Supremo Tribunal Federal (STF) neste ano. “Eles [Polícia Federal de Brasília], desde a metade do ano passado, avançaram muito de forma independente da gente. Eles sempre precisaram muito do material de primeira instância porque foi o que deu origem a tudo, mas a partir do momento em que os inquéritos foram instaurados lá eles começaram a fazer as investigações deles com foco nos investigados com prerrogativa de função”, explica o delegado. “Acho que a gente vai ter um primeiro semestre que vai avançar bastante lá”, completa.
A ampliação do número de inquéritos no Supremo, a diminuição do efetivo na época da Olimpíada e a necessidade de resolver alguns casos antes do período eleitoral aumentam a pressão sobre os profissionais de Brasília, de acordo com Igor de Paula. “Lá eles estão com mais pressão para ter uma resposta mais rápida porque as coisas demoram. Não que seja culpa da polícia, dos procuradores. Grande responsabilidade disso é do Supremo. O sistema no Supremo é muito burocrático, demora mesmo”, explica.
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Leia a matéria completaAlguns inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) envolvem parlamentares do Paraná, como a senadora Gleisi Hoffmann (PT) e os deputados Nelson Meurer (PP) e Dilceu Sperafico (PP), por exemplo. No ano passado, a Polícia Federal de Brasília realizou a primeira operação com a autorização do STF. O senador Delcídio Amaral (PT) foi o primeiro parlamentar preso durante exercício do mandato. Ele foi preso em flagrante por tentar embaraçar as investigações e planejar a fuga de um dos presos da operação: o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró.
Rio e São Paulo
As investigações da Lava Jato que foram desmembradas por ordem do Supremo Tribunal Federal já foram retomadas no Rio de Janeiro e em São Paulo. De acordo com Igor de Paula, no Rio de Janeiro o caso envolvendo a Eletronuclear está mais avançado. “O Rio tem uma diferença em relação ao delegado que está trabalhando no caso, ele trabalhava no caso aqui”, explica o delegado da PF. “Ele estava aqui trabalhando com parte das investigações das empreiteiras. As duas prisões do [ex-diretor da Petrobras Renato] Duque foi ele quem fez. Ele estava mais acostumado com a investigação e não precisou de muito tempo para conhecer o caso”, completa.
O delegado de São Paulo também já trabalhou na força-tarefa de Curitiba, mas na capital paulista a demora na retomada das investigações é explicada pela demora do MPF em compartilhar com a PF as investigações. “Houve no princípio uma intenção do Ministério Público de São Paulo de conduzir a investigação sem a parceria com a Polícia, mas isso foi logo superado porque se viu que isso é inviável porque o Ministério Público não tem estrutura de investigação para um caso desse”, explicou Igor de Paula.
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