A força-tarefa da Operação Lava Jato suspeita que Cláudia Cruz, mulher do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mantenha outras contas secretas ainda não descobertas no exterior e, por isso, se manifestou contra o pedido da jornalista para devolução de seu passaporte pela Justiça Federal em Curitiba. Os procuradores da República que investigam Cláudia temem que ela poderá fugir do país.
“Não obstante a conta Kopek estar bloqueada desde 7 de abril de 2015, existe real possibilidade de Cláudia Cordeiro Cruz e/ou seus familiares manterem outras contas bancárias no exterior, havendo risco concreto de eventual fuga e utilização de ativos secretos ainda não bloqueados caso o passaporte seja devolvido”, alertam os procuradores em manifestação ao juiz Sergio Moro nesta segunda-feira (15).
Moro manda mulher de Eduardo Cunha dizer onde está morando
Leia a matéria completaNo documento de sete páginas, os procuradores rebatem os argumentos da defesa de Cláudia - que aponta irregularidades na transferência do processo da Suíça contra ela para o Brasil e pede a devolução de seu passaporte.
Os procuradores alegam que a ocultação de patrimônio constitui causa para decretação da medida cautelar da prisão preventiva.
No caso de Cláudia, segundo o Ministério Público Federal, a proibição de deixar o país, por meio do recolhimento do passaporte, seria a medida adequada.
A mulher do ex-presidente da Câmara responde a uma ação penal em Curitiba, acusada de evasão de divisas e de lavar mais de US$ 1 milhão no exterior, justamente os recursos da conta Kopek, oriundos dos crimes supostamente praticados por seu marido no esquema de corrupção na Petrobras.
Eduardo Cunha foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal por suspeita de receber mais de R$ 5 milhões em contas mantidas por ele na Suíça. A Corte aceitou a acusação em junho e abriu a segunda ação penal contra o parlamentar, que responde por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
A filha do ex-presidente da Câmara, Danielle Dytz, também é alvo de um inquérito da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Até aqui, ela não foi denunciada formalmente pela Procuradoria.
Cláudia e Eduardo Cunha tiveram recentemente seus bens bloqueados pela Justiça Federal em uma ação civil de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal cobrando R$ 80,67 milhões do parlamentar e mais R$ 17,8 milhões da mulher.
O valor corresponde ao acréscimo patrimonial apontado como ilícito de Cunha e Cláudia e ressarcimento do dano causado ao erário na compra de campo de petróleo em Benin, na África, em 2011. O negócio teria resultado numa propina de US$ 10 milhões, parte dela repassada ao peemedebista e parte abasteceu a conta de Cláudia.
O patrimônio de Cláudia Cruz saltou de R$ 1.617.519,09, em 1.º de janeiro de 2008, para R$ 4.029.025.65, em 31 de dezembro de 2014. Um crescimento de 149%, segundo dados da Receita. A análise do Fisco é baseada nos dados declarados por Cláudia.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de Cunha, que ainda não se manifestou. O peemedebista tem rechaçado qualquer envolvimento com irregularidades.
Procurado, o criminalista Pierpaolo Bottini, que defende Cláudia Cruz, diz que “a defesa aguarda manifestação judicial sobre o tema, reiterando que ela declarou seus bens no exterior, entregou espontaneamente seu passaporte e se apresentou para prestar depoimento, demonstrando sempre sua intenção de colaborar com as investigações e provar sua inocência.”
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