Ocorrem nesta semana, no Brasil, duas edições regionais do Fórum Social Mundial. A primeira começa hoje em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e prossegue até sexta-feira, mesmo dia em que será aberta a segunda edição, em Salvador, na Bahia. Aparentemente, as programações seguem a mesma linha de crítica ao modelo de neoliberal de globalização e se complementam. Mas é só aparência, porque os eventos apresentam diferenças substantivas na sua organização.Enquanto Porto Alegre procura seguir o padrão original do fórum e tenta manter alguma distância oficial de governos e partidos, Salvador caminha na direção oposta. Ali, a presença de governos, especialmente o brasileiro, e de partidos, leia-se PT, terá um peso que nenhum outro encontro do fórum já realizado no país teve.
O comitê organizador de Salvador, onde predomina a presença de centrais sindicais, tem até anunciado como um avanço o fato de que, em boa parte das suas mesas de debates, os representantes de governo terão pela primeira vez as mesmas condições que os enviados por organizações da sociedade civil, sindicatos e movimentos populares. "Condições paritárias", diz o material de divulgação.
Quase toda a bancada petista do ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará das mesas. Entre os nomes confirmados aparecem o de Paulo Vannuchi, de Direitos Humanos; Edson Santos, da Igualdade Racial; Fernando Haddad, da Educação; Carlos Minc, do Meio Ambiente; Nilcéia Freire, das Mulheres; e Samuel Pinheiro Guimarães Neto, de Assuntos Estratégicos. Em algumas mesas também haverá representantes do governo estadual que está nas mãos do PT e é um dos patrocinadores do evento.
O presidente Lula vai amanhã a Porto Alegre e no dia 30 desembarca em Salvador. Entre um evento contra o neoliberalismo e outro, passa por Davos, na Suíça, onde será homenageado pelo Fórum Econômico Mundial, que reúne a elite dos pensadores e construtores do modelo neoliberal. Além de Lula, foram oficialmente convidados quase 20 chefes de Estado. A lista vai de Evo Morales, da Bolívia, a Jacob Zuma, da África do Sul.
Ao ser criado, em 2001, o Fórum Social tinha como proposta criar, à margem de governos e partidos, um espaço internacional de reunião e debates para todos aqueles que têm criticas ao modelo neoliberal. Representantes de governo e de partidos sempre participaram, mas a convite das entidades participantes. Raramente foram convidados diretamente pelo comitê organizador, como acontece em Salvador.
O comitê do evento baiano tem suas justificativas. A primeira dela é que os chamados governos progressistas que estão sendo convidados praticamente não existiam quando o Fórum Social foi criado em 2001. Com esses novos governos é possível sentar à mesa para debater alternativas ao modelo neoliberal, segundo Kjeld Jakobsen, presidente do Observatório Brasileiro de Mídia e membro do comitê organizador de Salvador. "As diferenças são enormes", diz ele. "Falo isso a partir da minha experiência. Fui dirigente sindical no tempo do Fernando Henrique e sei que as possibilidade de diálogo com o governo hoje são muito maiores do que naquela época."
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