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Paris - A transferência de tecnologia oferecida pelo governo da França na venda dos aviões de caça modelo Rafale, fabricados pela Dassault, não será "irrestrita", como havia prometido o presidente francês Nicolas Sarkozy. O pacote de dispositivos que o Brasil não terá acesso diz respeito a sistemas eletrônicos de novíssima geração, como o Identifying Friend or Foe (IFF), um equipamento que permite distinguir aviões da própria esquadrilha de aeronaves es­­­trangeiras. O Brasil também não terá acesso à tecnologia nuclear ao qual um dos modelos do Rafale pode ter.

Não serão disponibilizados segredos militares dos componentes eletrônicos de transmissão, identificação, direção de voo e de definição de alvo do Rafale "nuclear" – a aeronave pode ser equipada para transportar mísseis com ogivas atômicas. De acordo com o Palácio do Eliseu, sede do governo francês, esses aparelhos não constam da lista dos pedidos do Ministério da Defesa brasileiro.

Quanto à tecnologia nuclear em si, a transferência é proibida por tratados internacionais de não proliferação.

Questionado pela reportagem ontem, em Paris, sobre as informações a respeito da trans­­ferência de tecnologia, o almirante Edouard Guillaud, conselheiro Militar do Palácio do Eliseu, definiu-as como "bobagem". O militar reafirmou o que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, tem reiterado: "Trans­­­ferência completa quer dizer exatamente isso: completa".

Potência nuclear

Guillaud afirmou que o repasse vai até onde é pedido pela licitação FX-2. "Haverá toda a transferência de tecnologia solicitada pelo governo brasileiro", especificou. Sobre os segredos técnicos dos equipamentos da versão "nuclear" do Rafale, o almirante admitiu que não estão incluídos. "A França é uma potência nuclear. Tudo o que estiver relacionado diretamente a isso, não será transferido."

A profundidade do repasse de tecnologia é um dos pontos nevrálgicos da licitação FX-2, da qual participam ainda a norte-americana Boeing, com o modelo F-18 Super Hornet, e a sueca Saab, com seu modelo Gripen NG. O tema é prioritário para o governo brasileiro, que planeja, a partir dos códigos fontes das aeronaves, construir seus próprios aviões no futuro.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem que a promessa de Sarkozy, para a venda dos caças modelo Rafale foi de "transferência irrestrita" de tecnologia e ressaltou que os detalhes técnicos da proposta serão examinados antes pela Força Aérea Brasileira (FAB).

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