Delator
Costa pede anulação de atos do juiz Moro e que o STF julgue seu processo
Folhapress
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa enviou uma reclamação ao Supremo Tribunal Federal pedindo que os processos da Operação Lava Jato que correm na Justiça Federal do Paraná sejam suspensos e enviados ao STF. Na reclamação, os advogados de Costa dizem que, como há suspeita do envolvimento de parlamentares e senadores no esquema, o foro competente para a análise do caso seria o Supremo. Para Costa, as decisões tomadas até agora pelo juiz federal Sérgio Moro deveriam ser desfeitas, incluindo as que determinaram sua prisão. Atualmente, o ex-diretor está detido em casa, no Rio de Janeiro, usando uma tornozeleira eletrônica. Ele obteve o benefício da prisão domiciliar devido a um acordo de delação premiada que fez com a Justiça. O ministro do STF Teori Zavascki deve analisar o pedido nos próximos dias. Além da solicitação de Costa, na semana passada um dos sócios da empresa Sanko Sider protocolou petição no mesmo sentido.
A bancada de oposição na CPI mista da Petrobras deve apresentar um requerimento amanhã pedindo a convocação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Ela foi acusada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa de receber R$ 1 milhão, oriundos de desvios na estatal, para sua campanha ao Senado, em 2010. A apresentação está sendo articulada pelo deputado federal Fernando Francischini (SD-PR). A senadora nega as acusações, e considera que Francischini age com "valentia seletiva" ao pedir seu requerimento, mas ignorar acusações contra outros parlamentares incluindo seu colega de partido Luiz Argôlo (SD-BA).
Segundo Francischini, deputados de oposição esperam que o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), coloque o requerimento em votação depois do depoimento do atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza que sucedeu Costa na função. Os parlamentares devem apresentar um requerimento conjunto. "Acredito ser imprescindível ouvir a senadora, pois ela foi ministra-chefe da Casa Civil", afirma. Segundo o deputado, o documento ainda está sendo redigido.
Francischini disse, ainda, que a oposição estuda convocar também Paulo Bernardo, marido de Gleisi e atual ministro das Comunicações. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, consta do caderno do ex-diretor a anotação "PB 1,0". Isso seria uma espécie de "recibo" do pagamento à campanha da petista, e significaria "Paulo Bernardo, R$ 1 milhão". Ele diz, entretanto, que aguarda receber a delação por completo antes de pedir a convocação do ministro.
Gleisi voltou a negar todas as acusações, e disse que o deputado age por motivações políticas. "A valentia do ex-delegado é seletiva. Quando divulgaram o nome de dezenas de deputados federais, incluindo um colega de partido [Argôlo] e o atual presidente da Câmara [Henrique Eduardo Alves, PMDB-RN], ele não falou em convocar ninguém", disse. "Além disso, ele se apresenta como amigo do juiz e detentor de informações privilegiadas. É bom que ele divulgue logo essas informações para não parecer que está tentando achacar alguém", comentou.
No último domingo, o jornal O Estado de S. Paulo divulgou mais um vazamento da delação premiada de Costa ao Ministério Público Federal (MPF). Nesse trecho, o ex-diretor da Petrobras diz que repassou R$ 1 milhão à campanha de Gleisi, em 2010. O valor teria sido solicitado pelo doleiro Alberto Youssef, e repassado a um "emissário" da campanha em dinheiro vivo.
Medidas judiciais
Gleisi nega as acusações, e diz que estuda tomar medidas judiciais contra o jornal. "Sem ter provas, sem nada de concreto, eles deram uma manchete. No meu caso, as denúncias não vão ser comprovadas porque não houve nada disso, mas o estrago já foi feito", diz.
Ela afirma também que vai requisitar o teor do depoimento na Justiça. A senadora diz ainda "não ter dúvidas" que as acusações têm motivações políticas, especialmente por sua proximidade com a presidente Dilma Rousseff (PT), de quem foi ministra por quase três anos.