Fernando Francischini (SD-PR), deputado federal; Gleisi Hoffmann (PT-PR), senadora| Foto: Cesar Machado/ Gazeta do Povo; Antônio More/ Gazeta do Povo

Delator

Costa pede anulação de atos do juiz Moro e que o STF julgue seu processo

Folhapress

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa enviou uma reclamação ao Supremo Tribunal Federal pedindo que os processos da Operação Lava Jato que correm na Justiça Federal do Paraná sejam suspensos e enviados ao STF. Na reclamação, os advogados de Costa dizem que, como há suspeita do envolvimento de parlamentares e senadores no esquema, o foro competente para a análise do caso seria o Supremo. Para Costa, as decisões tomadas até agora pelo juiz federal Sérgio Moro deveriam ser desfeitas, incluindo as que determinaram sua prisão. Atualmente, o ex-diretor está detido em casa, no Rio de Janeiro, usando uma tornozeleira eletrônica. Ele obteve o benefício da prisão domiciliar devido a um acordo de delação premiada que fez com a Justiça. O ministro do STF Teori Zavascki deve analisar o pedido nos próximos dias. Além da solicitação de Costa, na semana passada um dos sócios da empresa Sanko Sider protocolou petição no mesmo sentido.

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A bancada de oposição na CPI mista da Petrobras deve apresentar um requerimento amanhã pedindo a convocação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Ela foi acusada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa de receber R$ 1 milhão, oriundos de desvios na estatal, para sua campanha ao Senado, em 2010. A apresentação está sendo articulada pelo deputado federal Fernando Francischini (SD-PR). A senadora nega as acusações, e considera que Francischini age com "valentia seletiva" ao pedir seu requerimento, mas ignorar acusações contra outros parlamentares – incluindo seu colega de partido Luiz Argôlo (SD-BA).

Segundo Francischini, deputados de oposição esperam que o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), coloque o requerimento em votação depois do depoimento do atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza – que sucedeu Costa na função. Os parlamentares devem apresentar um requerimento conjunto. "Acredito ser imprescindível ouvir a senadora, pois ela foi ministra-chefe da Casa Civil", afirma. Segundo o deputado, o documento ainda está sendo redigido.

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Francischini disse, ainda, que a oposição estuda convocar também Paulo Bernardo, marido de Gleisi e atual ministro das Comunicações. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, consta do caderno do ex-diretor a anotação "PB 1,0". Isso seria uma espécie de "recibo" do pagamento à campanha da petista, e significaria "Paulo Bernardo, R$ 1 milhão". Ele diz, entretanto, que aguarda receber a delação por completo antes de pedir a convocação do ministro.

Gleisi voltou a negar todas as acusações, e disse que o deputado age por motivações políticas. "A valentia do ex-delegado é seletiva. Quando divulgaram o nome de dezenas de deputados federais, incluindo um colega de partido [Argôlo] e o atual presidente da Câmara [Henrique Eduardo Alves, PMDB-RN], ele não falou em convocar ninguém", disse. "Além disso, ele se apresenta como amigo do juiz e detentor de informações privilegiadas. É bom que ele divulgue logo essas informações para não parecer que está tentando achacar alguém", comentou.

No último domingo, o jornal O Estado de S. Paulo divulgou mais um vazamento da delação premiada de Costa ao Ministério Público Federal (MPF). Nesse trecho, o ex-diretor da Petrobras diz que repassou R$ 1 milhão à campanha de Gleisi, em 2010. O valor teria sido solicitado pelo doleiro Alberto Youssef, e repassado a um "emissário" da campanha em dinheiro vivo.

Medidas judiciais

Gleisi nega as acusações, e diz que estuda tomar medidas judiciais contra o jornal. "Sem ter provas, sem nada de concreto, eles deram uma manchete. No meu caso, as denúncias não vão ser comprovadas porque não houve nada disso, mas o estrago já foi feito", diz.

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Ela afirma também que vai requisitar o teor do depoimento na Justiça. A senadora diz ainda "não ter dúvidas" que as acusações têm motivações políticas, especialmente por sua proximidade com a presidente Dilma Rousseff (PT), de quem foi ministra por quase três anos.