Investigação da Polícia Federal (PF) aponta o empresário Alexandre Souza de Azambuja, conhecido como o "Eike do Sul", como o principal articulador das fraudes no Instituto Federal do Paraná (IFPR). Desmantelado pela Operação Sinapse, o esquema já consumiu R$ 11 milhões, quase o dobro do estimado no início da ação. Análise da PF nos diários secretos de Azambuja mostra participação ativa do empresário na venda de notas fiscais e distribuição de dinheiro. Azambuja e outros cinco acusados entre eles, dois servidores estão presos desde agosto. Outros 12 envolvidos já foram soltos.
Os desvios ocorriam em convênios para a oferta de Ensino a Distância (EAD) firmados com duas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs). As organizações eram contratadas para atuar nos cursos e superfaturavam valores e emitiam notas frias. A PF diz que
R$ 4,2 milhões foram economizados desde o começo da operação, em 8 de agosto.
Os servidores que permanecem presos são José Carlos Ciccarino e Ricardo Herrera, antigos responsáveis pelo EAD no instituto. Além de Azambuja, sócios das Oscips, Ibepoteq e ABDES, também continuam na cadeia, bem como o representante de uma gráfica suspeita.
Os diários, aos quais a reportagem teve acesso, foram retirados do computador de uma das empresas de Azambuja, a Templars Trust Investimentos. Segundo os relatos do empresário, feitos de 2010 a 2012, ele elaborava documentos, como termos de parceria, superfaturava notas e distribuía dinheiro dos convênios como propina. A aproximação de Azambuja com o IFPR se deu pelo Ibepoteq, mas ele chegou a ter senha do e-mail corporativo de um dos servidores do IFPR.
O advogado Miguel Rasbold defende que Azambuja, seu cliente, não cometeu crimes. "Ele foi funcionário da Ibepoteq e é tão envolvido quanto qualquer um que trabalhou lá", disse. Além de Ciccarino e Herrera, há um professor citado e a PF indica "envolvimento" do ex-reitor do IFPR, Alípio Leal Neto.
O ex-reitor não esteve entre os presos. "Não fui citado na denúncia nem chamado a depor", disse ele. Os diários ainda apontam que o filho dele fora empregado de Azambuja. O servidor nega e diz que o filho foi estagiário na Ibepoteq. Um dia depois da operação ter sido deflagrada, Alipio Neto pediu exoneração do cargo de secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná.