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Cabrobó, PE (AE) – O bispo de Barra (BA), d. Luiz Flávio Cappio, de 59 anos, afirmou ontem, em Cabrobó, no Sertão de Pernambuco, que cobrará do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o cumprimento do acordo que pôs fim à greve de fome. "Quero conversar a viva-voz com o presidente", afirmou d. Luiz, que afirmou compreender que a suspensão do projeto de transposição está incluída no pacto.

"Foi uma briga de foice, durante as cinco horas de negociação até se chegar a um consenso", observou. Por isso, ele surpreendeu-se com a declaração do chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Jaques Wagner, logo depois de selado o entendimento, de que não se havia falado em adiamento ou sustação da proposta. O bispo de Barra disse estar convicto de que há esta garantia e que será cobrada.

Para d. Luiz, a preocupação do governo com a imagem e a repercussão nacional e internacional do gesto foi o principal fator da pressa na negociação. "O governo não iria assumir o ônus de carregar para o resto da história a pecha de ter sido responsável pela morte de um bispo."

A vinda do núncio apostólico do Vaticano no Brasil, Lorenzo Baldisseri, foi muito importante para o bispo. D. Luiz declarou que Baldisseri não o pressionou a suspender a recusa em comer, nem interferiu no processo de acordo.

O núncio apostólico do Vaticano no Brasil havia garantido na quarta-feira que a Igreja Católica desaprova o jejum até à morte, o que é contra os princípios morais e que nem todos os meios são bons para se chegar a um fim. "Eu também ensino que os meios não justificam os fins, mas expliquei ao núncio que, às vezes, é preciso se adotar uma postura extrema, um tanto radicalizada, senão não se chega a lugar nenhum", disse o bispo. Tranqüilo, d. Luiz admite não temer sanções eclesiais: "Eu poderia até ser preso, mas quem está disposto a morrer não tem receio de nada, está livre".

O bispo pretende participar de grandes eventos para debater as propostas de revitalização do São Francisco e ações do Semi-Árido que beneficiem o povo "pobre e vulnerável".

Para mostrar o interesse do governo em novas discussões do projeto de transposição das águas do São Francisco, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, enviou na manhã de ontem carta ao presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Geraldo Magela, solicitando que a entidade marque uma data para a retomar o debate sobre o projeto.

Se o pedido for aceito, será a segunda reunião que o ministro terá com a direção da CNBB sobre o tema. A primeira foi no dia 29 de setembro do ano passado.

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